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domingo, 21 de agosto de 2011

A oscilação da liberdade e da intolerância

Tema: Liberalidade versus intolerância e a perspectiva da anomia

Historicamente, pode-se dizer que o mundo vive entre oscilações e extremos. Refere-se aqui à enorme capacidade de os seres humanos viverem em eterna mudança. Alguns exemplos muito claros são: atitudes políticas que, de repente, são completamente modificadas, como a substituição de uma democracia por uma ditadura; medidas econômicas liberais trocadas por outras bastante socializantes; posturas comportamentais substituídas por sua contracultura etc. Dessa forma, o que se percebe é a contínua alternância de ideologias, modos de vida, enfim, atos humanos.

Não seria diferente em relação às leis. A sociedade mundial conviveu com regimes autoritários fulcrados nas expectativas de controle através do Estado. Quando tal situação ia muito além ou as próprias pessoas (outras gerações) cansavam-se da grande intervenção, manifestações contundentes pelas ruas almejavam a queda dessas práticas, implantando novas formas de pensar e agir. No entanto, a realidade estabelecida logo seria suprimida pelas doutrinas anteriormente derrubadas e então se poderia enxergar uma certa “repetição da história”.

O sociólogo Émile Durkheim analisa em sua obra “Da divisão do trabalho social” a capacidade de os indivíduos se unirem em um corpo denominado “solidariedade mecânica”, no qual o pensamento coletivo fica evidenciado em detrimento da subjetividade. Obviamente, isso se compararia mais às civilizações primitivas, mas serve para entender a seguinte abordagem: até que ponto os seres humanos agem irracionalmente no que concerne à organização social? Como se dá essa postura? Ela ainda é verificada?

A princípio, a necessidade de ordem cria todo um sistema jurídico, coordenado pelo que se chama “consciência coletiva”, cujo intuito é preservar aquele agrupamento. Talvez essa automaticidade seja até mesmo instintiva, mas é preciso precaver-se de suas consequências. É nesse momento que a irracionalidade pode perder sua influência ao reprimir demais e garantir um descontentamento generalizado. Aliás, com o desenrolar histórico ficou muito claro que não se deve dar atenção extrema ao poder coletivo, pois ele certamente destruirá qualquer resquício de individualidade. Em contrapartida, pode-se dizer que em tempos de crise as pessoas reúnem-se novamente e formulam novas leis, mais incisivas, como forma de preservação. Vê-se, portanto, novas quebras e construções de valores repetidos.

Atualmente, após inúmeros questionamentos e reflexões, a consciência coletiva meramente mecânica conquistou um patamar de influência menor em civilizações mais desenvolvidas do ponto de vista do conhecimento e da razão, mas ainda marca sua presença e talvez sua total extinção não seja possível, pois a perspectiva de anomia (total ausência de leis) traz consigo a mobilização contra a devastação completa.

Portanto, verifica-se que há uma certa reprodução de conceitos em todos os campos da sociedade, seja para reprimir ou para liberar. E isso acontece, geralmente, quando a crise dos excessos se configura, algo infindável e permanente desde as primeiras relações entre seres humanos.

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