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domingo, 21 de agosto de 2011

Lutar por mim ou pelo social?



Fotos estrangeiras tão emblemáticas como as ao lado apenas extirpam um tipo de fenômeno raro no Brasil: o sentimento de bem público. O que muitas vezes acontece na França ou mesmo na vizinha Argentina poucas vezes toma forma no Brasil – a não ser por minorias momentâneas.

Não há como negar que o individualismo é a bandeira do século. O liberalismo econômico trouxe consigo não só a possibilidade de uma vida pessoal promissora, mas também o medo e a insegurança, fazendo com que as pessoas se voltem exclusivamente para si, num abismo egocêntrico. Assim não é tão difícil ver levantes de grupos distintos defendendo ideais que privilegiam apenas minorias, já que é impossível num país de regionalidades como o nosso se falar de união de forças por um fim público.

Nem é preciso ir longe. Em Franca, há algum tempo, o prefeito decretou que todas as barraquinhas de lanches veiculadas em espaços públicos – ruas, calçadas, etc. – fossem proibidas de continuar nesses locais. (ver reportagem completa). Imediatamente nunca se viu tantas pessoas na câmara dos vereadores de Franca, repetidas vezes, em sua totalidade vendedores de lanches, clamando pela não aprovação do decreto. Pergunta: quantas vezes essas pessoas já haviam ido às seções semanais anteriormente para ao menos acompanhar o que seus eleitos vereadores discutiam sobre as escolas, os hospitais o transporte da cidade? Arrisco-me a dizer que sequer se lembram em quem votaram. É um erro, admito, de todos nós. Mas essa situação só deixa claro o quanto as paixões privadas estão presentes em nosso dia – a – dia. Ou quando somos bombardeados cotidianamente por notícias de corrupção, suficientes para nos contrariar, mas incapazes de nos fazer mover do sofá. Porém, se roubam meu tênis, minha casa, aí sim, defendemos de pronto, a pena de morte. Paixões públicas.

Durkheim, na leitura da semana, discorre sobre essas paixões como resultado de uma consciência coletiva ainda marcada por pontos arcaicos. Ou sobre a racionalização, presente em sociedades mais esclarecidas, que as possibilitam um juízo mais próximo da utilidade. O que falar do Brasil? Um país tão regionalizado a ponto de ser difícil encontrar um consenso econômico, mas que, ao mesmo tempo, esta tão longe do racionalismo, pois encontra dificuldades com questões do tipo a união homoafetiva.

Assim , o que se cria no Brasil, nas pessoas, uma aceitação das condições políticas e por parte dos eleitos, um descaso pela população, em partes por conta de nossas más escolhas eleitorais; Alimentando paixões, cada vez mais, individuais e muito menos as públicas.

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