Muito me questionei sobre a melhor forma de discutir o tema “uma interpretação compreensiva de um país difícil de compreender”, até que tive a seguinte ideia: a base de toda hermenêutica é conhecer a língua que está sendo desenvolvida, aquilo que está descrito nos dicionários. Portanto, decidi seguir o exemplo do Voltaire, com seu grande livro “Dicionário de Filosofia”, e tentar escrever um ensaio sobre o verbete “Brasil” em uma espécie de “dicionário weberiano”
● BRASIL ●
Seria impossível escrever sobre esse tema sem uma rápida contextualização. Esse texto está sendo escrito no dia 07 de setembro de 2021, às 13h52 do horário de Brasília. Nesse exato momento o Brasil está vivendo a maior instabilidade democrática desde o fim da Ditadura Militar. Uma minoria barulhenta que se esconde sob as asas do presidente Jair M. Bolsonaro, um homem completamente incapaz de exercer suas funções, que reprovou no psicotécnico da vida e que sorri ao ver seu povo sofrendo com a morte, com a fome e com o medo. Apoiadores ou fanáticos? Impossível de diferenciar, pois parecem viver uma realidade paralela centrada na figura do genocida.
Aí surgem aqueles jargões clássicos de todo “bolsonarista” aos opositores do governo: “e o petê?”; “e o Lula?”. Basta um post contrário ao regime atual que os ataques começam. As mensagens que seguem em anexo foram recebidas por uma amiga minha na manhã de hoje depois de um “stories” de cunho político:
É incrível a maneira como esses fanáticos aplicam o “BRASIL” como um coletivo, um inegável e hegemônico conjunto de pessoas. No livro Ralé Brasileira, o Jessé Souza fala bem disso, esse “conto de fadas sociológico” (p. 104) que faz parecer que a cultura é uma costureira que une todas as pessoas sob uma mesma perspectiva de amor cego ao governante que fez a gasolina chegar em 7 reais, tirou a carne da refeição do brasileiro e fez 100 milhões de pessoas viverem na insegurança alimentar.
O retrato traçado pelo grande sociólogo Jessé nunca foi tão fidedigno quanto hoje, a unificação de uma cultura como base para todos os brasileiros que se juntam para defender “o cidadão de bem”, “aborto é pecado”, “comunismo é o verdadeiro mal” e “bandido bom é bandido morto”. É inegável que essas expressões representam uma grande parcela da população brasileira, mas não seria maior o barulho do que o volume? A resposta é um simples sim, afinal, segundo dados recentes divulgados pelo PoderData, 64% da população brasileira rejeita o governo atual.
O verdadeiro questionamento é como eles são capazes de tanto furdunço? Como um número relativamente pequeno e desorganizado consegue movimentar tantas pessoas e parecerem uma soberania unida? Essas são questões mais complicadas, envolvem as Fake News, o uso de Robôs e a paixão pelos gritos (realmente paixão, oh galerinha barulhenta)
Caminhando para o fim, cito indiretamente em uma tentativa de traduzir o livro Economia e Sociedade: Fundamentos da Sociologia Compreensiva, do Weber a seguinte frase: As representações coletivas são representações que existem em parte ou tentam ganhar espaço de voga, mas não deixam de estar na mente de pessoas reais e orientar seu comportamento.
Portanto, no cenário atual previsto por Weber, estamos em um momento que ideias de minorias bolsonaristas e religiosos fanáticos tentam ficar sempre nos Trending Topics e que essas concepções - embasadas na bíblia, na “lei” e nos ditos do sociopata que chamamos de Bolsonaro - passam a guiar o comportamento e são aplicados como de forma coercitiva ou discriminatória contra nós, que lutamos por um Brasil melhor, levando pessoas a falarem coisas preconceituosas e infligirem contra a liberdade alheia porque “ela não é brasileira”.
GABRIEL RIGONATO - 1° PERÍODO - NOTURNO
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