As frases comumente ditas por diversos brasileiros: ‘O brasileiro tem que ser estudado pela NASA” ou “esse é o jeitinho brasileiro” demonstra uma cegueira diante à realidade em relação às estruturas que mantém seu funcionamento. Atribuir esse “jeitinho” ao brasileiro, não passa de uma ilusão, já que o que rege e engendra todas essas ações é a maneira que a sociedade se organiza e mantém seu funcionamento, ou seja, o sistema capitalista.
A falta de instituições propriamente brasileiras, ou seja,
criadas com base na realidade do país, são evidentes se analisado o cotidiano brasileiro.
Com o país sendo alvo de explorações e domínios estrangeiros, durante todo a
história, as instituições atribuídas nesse território também partem do princípio
do estrangeirismo. Assim, o Brasil sempre se submeteu as normas europeias, pautadas
no pensamento burguês ascendente durante o período.
O capitalismo da maneira que funciona hoje, é responsável pela
manutenção dessas instituições e consequentemente da ação social. A ação social,
teorizada por Max Weber (1864-1920), atribui todas as ações- ou “jeitinhos” -
ao apontamento de um sentido, que sempre é manipulado pelo capitalismo. Desse modo,
ocorre uma dominação ilegítima desse sistema sobre a vida dos indivíduos, em
outros termos, a dominação está intrínseca à vida das pessoas. Então, atribuir uma
peculiaridade ao brasileiro é controverso, pois todas as atitudes são tomadas a
partir do pensamento de Estado e mercado que o sistema proporciona.
Dessa maneira, toda a estrutura cultural moderna se baseia
no mercado e no Estado, que são os poderes máximos das sociedades do século XXI.
Por consequência, todas as normas são pautadas em ideias burguesas, visto que
esse grupo é o detentor do poder. Ideias, como a da meritocracia, não passam de
uma tentativa de manipulação por parte desse grupo, pois as realidades enfrentadas
pelos brasileiros são muito distintas em termos socioeconômicos, e qualquer
tentativa de atribuição do mérito nessa questão não passa de manipulação, além
de ser uma caminho para a tentativa de legitimar essa dominação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário