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terça-feira, 7 de setembro de 2021

Compreender a particularidade

 

  A Sociologia é uma ciência relativamente nova, uma vez que possui seu nascimento no século XIX, enquanto que outras a matemática, por exemplo, é algo milenar na História. Contudo, mesmo com essa diferença de tempo de vida, é impossível negar que a Sociologia possui enorme importância no entendimento do funcionamento da vida em sociedade, e para conseguir esse impacto, uma série de pensadores desenvolveram estudos nesse âmbito.

   Sendo a tríade principal formada por Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber, com esse último possuindo uma visão pautada principalmente na elaboração de uma variante dessa ciência, chamando-a de Sociologia Compreensiva, imprescindível para visualizar as mais diversas sociedades em suas particularidades, tal qual é o caso do Brasil e sua ralé.

   Isso porque, Weber prioriza a busca por uma explicação interpretativa da sociedade em si, diferentemente de apenas analisar os fenômenos por ela produzidos, de modo que, procura as motivações para a realização do que ele denomina de ação social. Nesse sentido, é preciso compreender que o alemão mantém sua Sociologia em estrita correlação com os valores históricos presentes em uma população especifica, uma vez que seu processo de formação é extremamente particular e molda completamente o modo de vida de cada indivíduo- Principal objeto de observação e estudo de Weber- podendo assim analisar o impacto produzido pela cultura nessas ações sociais provindas dos indivíduos membros dessas comunidades. Tal fato só é possível porque ele define cultura como um valor capaz de condicionar completamente a visão de cada pessoa sobre a realidade que a engloba.

  Em meio a essa complexa teorização da procura pela compreensão desses valores que movem os indivíduos, o sociólogo brasileiro, Jessé Souza disserta em sua obra “Ralé Brasileira” a notoriedade desse entendimento de que o modo de vida pelo qual o povo verde-amarelo se relaciona com o mundo é muito maior que aquelas simples denominações de “jeitinho brasileiro”, “país do futebol”, “o povo do samba e do carnaval”.

  Isso decorre do fato que a compreensão racionalista, tal qual Max Weber se empenhou em construir, mostra que uma nação inteira não pode ser empacotada em meros estereótipos sociais, uma vez que, a História de construção do Brasil é uma amalgama riquíssima de valores europeus, indígenas, africanos, asiáticos, entre outras culturas. Portanto, é impossível que tamanha complexidade de instituições presentes na nossa sociedade hodierna seja tão simples a ponto de ser explicada somente como jeitinho brasileiro, pelo contrário, cada ação social de um brasileiro seria facilmente um objeto de estudo sociológico que encantaria a alma de Weber profundamente.

  Ainda nessa ligação entre as obras weberianas e de Jessé Souza, é também preciso observar a maneira pela qual as relações de poder e dominação atuam no país de dimensões continentais da américa latina. Assim, faz-se entendível na visão do primeiro que dominação é a expressão do poder, cuja significação pode ser definida como a probabilidade de impor a própria vontade em uma relação social, mesmo contra resistência.

  Logo, no contexto brasileiro, as classes dominantes de caráter capitalistas liberais buscam incansavelmente suprimir as demandas de seus trabalhadores, imprimindo a eles o desejo de serem bem-sucedidos, um conceito propagado como uma utopia inalcançável, na qual o indivíduo conseguiria por mérito próprio adquirir as maiores regalias provindas de sua riqueza. O “único” problema nessa questão é que os brasileiros não partem de um mesmo patamar, portanto, a grande maioria da população precisa sacrificar sua vida inteira em busca dessa ilusão vendida como alcançável a todos.


Matheus Granucci Burgarelli- 1° ano, Direito Matutino

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