Realizar uma interpretação compreensiva do
Brasil é, com certeza, uma tarefa complexa. Isso porque diversos assuntos
poderiam ser debatidos, como o meio ambiente, a economia, a sociedade e, é
claro, a política. Porém, o que será aqui destacado é o paradoxo que se
constrói entre uma sociedade conhecida pelo seu ´´jeitinho brasileiro´´ e uma
mesma sociedade que acredita que a legitimação social só é alcançada por meio
do trabalho.
O trabalho é apontado como valor social
central. Pela crise que o covid-19 instaurou no país, uma vez que o governo
claramente não soube lidar com o ocorrido, a taxa de desemprego no Brasil cresceu,
e este fato dá abertura para que aconteça uma maior exploração das relações de
trabalho.
Ao mesmo tempo em que muitos continuam
desempregados e em busca de trabalho, outra grande parcela se submete a
exploração de mão de obra para conseguir sobreviver em um país com o preço do
gás de cozinha a mais de 100 reais e com os impostos aumentando.
A população se submete a isso, como dito, por
uma questão de sobrevivência, mas também pela ideia imposta de que a dignificação
do homem vem do trabalho e ninguém pode parar, pois quanto mais você se dedicar,
mais perto estará de alcançar sua meta, ou seja, uma falsa ideia de
meritocracia.
Junto a esta ideia de ´´trabalhe enquanto
eles dormem...´´ está um Brasil conhecido pela ´´cultura do jeitinho´´ (aqui
aplicada no sentido de conquistar as coisas de maneira mais fácil mesmo que
este adjetivo possa estar como um sinônimo a ilícito).
Muitos podem apontar que este ´´jeitinho
brasileiro´´ deriva da considerada ralé brasileira, que se coloca em um papel
pessimista (ou realista) da sociedade, entendendo que a meritocracia não pode
ser aplicada em uma país de estruturação preconceituosa e com a corrupção
enraizada. Isto é verdadeiro, de certa forma, uma vez que eles são a parcela
mais prejudicada da sociedade, mas esse ´´jeitinho´´ não pode ser limitado a
este grupo social, o poder político brasileiro também dá seu ´´jeitinho´´.
Dessa forma, é possível ver o porquê realizar
uma interpretação compreensiva do Brasil é tão complicado, uma vez que o país
vive um paradoxo sem fim e a cada dia tem mais um problema para ser debatido.
Isabella Anjos – 1° Semestre – Diurno.
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