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terça-feira, 7 de setembro de 2021

A Velha-Nova política cultural

“Pelo fim da velha política, da roubalheira e da negligência em relação à voz do povo, votem em mim”. Esse foi o slogan da campanha de João Bosques, agora atual chefe de governo do estado de São Paulo. Eu, como um mero analista político, tive de estudar toda sua história e atuais propostas. Assim, descobri que esse homem vem de uma antiga família oligárquica, na qual seu avô era um famoso dono de engenho. Com toda a influência do patriarca da família, o pai de Bosques tornou-se governador e, com esse poder, teve em suas mãos uma forma de controlar a estrutura e fazer com que seus filhos ocupassem cargos políticos importantes.

Só em um ano no poder estadual, Bosques nomeou dois dos seus quatro filhos para vagas públicas de alto valor salarial e magnitude. Além disso, usando o famoso e erroneamente compreendido “jeitinho brasileiro” — nesse caso, com algumas “trocas de favores” não muito bem lícitas —, o homem conseguiu aumentar o salário de todos os seus parentes, garantindo, assim, seu interesse em específico. Quer política mais velha do que essa?

Desviar das normas para atingir objetivos pessoais é algo muito encontrado no contexto brasileiro, não importa qual cargo o indivíduo ocupa. O patrimonialismo, como conceituado por Max Weber, é quase palpável nas relações sociais do nosso país. Muitos julgam ter início no nosso passado colonial, visto que era uma prática já muito comum entre os portugueses. Entretanto, o que efetivamente importa no momento é esse forte individualismo que permeia a política atual. Candidatos com passado colonial, classista, escravocrata e elitista tentam distorcer a narrativa, apagando seu passado para, ao fim, realizar o exato mesmo que seus antepassados.

Dessa forma, o poder político brasileiro caminha nessa mesma paralela. Durante todos os meus anos de estudo, percebi que boa parte das nossas instituições de poder tem, em sua estruturação, o traço dessa cultura individual, que visa seu bem próprio, não enxergando o bem maior, a sociedade como um todo. Essa incapacidade do poder público de ser favorável, efetivamente, aos interesses públicos é a principal representação do patrimonialismo presente no Brasil que, por muitos indivíduos, é escondido para, ao fim, como demonstrado por João Bosques, servir de mecanismo para articular benefícios particulares utilizando as instituições públicas.


Larissa de Sá Hisnauer - 1º semestre - Diurno 


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