Antônio Carlos Jobim já certificou: “O Brasil não é para principiantes”, e não é mesmo. Por isso, acho presunção minha (uma primeiro-anista, totalmente principiante) me dispor a analisar esse país difícil de ser analisado. Como eu poderia contribuir? Sozinha, não conseguiria. Logo, me basearei em Max Weber e Jessé de Souza, a fim de (pelo menos tentar) analisar algum aspecto do país.
A princípio, entendo o conceito de patrimonialismo, na teoria weberiana, como a prática de não distinção entre a esfera pública e a privada, fazendo com que líderes de governos dispensem o interesse público, em prol do próprio bem. Em seguida, entendo, por Jessé de Souza, como esse conceito NÃO poderia ser utilizado no Brasil. Segundo ele, a impregnação do patrimonialismo ajudou na difusão do “mito nacional”, de que o brasileiro é corrupto por natureza. Além do mais, esse conceito maquia o cenário político, quando atribui ao Estado a culpa pela corrupção, quando sabemos que o verdadeiro responsável pela corrupção é o mercado.
Mercado esse, dominado pela elite brasileira, que usa da crítica ao suposto patrimonialismo para manter seus privilégios e expressar politicamente seu preconceito contra as classes populares, o que Jessé chamou de “ralé”. A corrupção foi transformada em “bicho papão”, apedrejada pela alta classe como pretexto, pois o que de fato a incomodava nos governos anteriores foi a diminuição da desigualdade - proporcionada pelo aumento do salário mínimo e pelas cotas universitárias, alguns anos atrás.
Nesse cenário político caótico, a luta para tirar a “corrupção” do governo, com um novo candidato “imaculado”, essa eu acompanhei. O conceito de Weber de “dominação carismática”, inclusive, cai bem: a admiração do dominado se dá pelo “carisma” (entendido aqui como suas supostas qualidades), quando o dominador se encontra na posição de herói da pátria, típico de regimes totalitários. Parece familiar?
O atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, é a representação da dominação carismática: “o mito”, o senhor que entrará no poder e acabará com a corrupção do país! No entanto, como o problema de toda dominação carismática, o exercício do poder não se dá pelo carisma, mas sim pelo governo de competência, de boa liderança. Como sabemos, esse não é o forte do presidente, não a toa, pode-se dizer que vivemos em seu DESgoverno. Além disso, o discurso “contra corrupção” cai por terra diante de tantas investigações e denúncias - e o fato de a elite fingir não ver favorece a posição de Jessé de Souza.
Vemos, cotidianamente, não apenas um governo ruim, mas uma ausência de governo. Diante de uma pandemia com milhares de mortes, o presidente: disse “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”; passeou de lancha; provocou aglomerações; ignorou 53 emails sobre a oferta de vacinas da Pfizer. Poucos dos muitos exemplo de seu desgoverno comprovam sua inaptidão para governar. Contudo, a elite segue satisfeita, depois do PT sair do poder, a corrupção acabou, e vivemos no Brasil (não para principiantes) de sempre!
Maria Júlia de Castro Rodrigues - 1º ano/ diurno
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