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terça-feira, 7 de setembro de 2021

Uma interpretação compreensiva de um país difícil de se compreender: Isso é tão errado assim?

     O racionamento de água voltou a ser um assunto comentado nos últimos dias e, em muitas cidades, uma realidade. 

    Desde a infância somos apresentados à uma realidade em que somos responsáveis pela escassez de água que assombra o mundo. Nós, cidadãos comuns de consumo mediano. Quando os períodos mais secos iniciam-se, as campanhas de conscientização de consumo também se iniciam, mas o público alvo é sempre o mesmo: o povo. Enquanto isso, o agronegócio continua a utilizar 69% do consumo de água (dados disponibilizados pela ANA - Agência Nacional de Águas). Entretanto, não há uma campanha massiva de conscientização de consumo de água visando o público agro. Pelo contrário, o endeusamento do agronegócio dentro do Brasil é gritante e preocupante.

    A presença de uma bancada agrária dentro das instituições do Estado e até mesmo dentro dos meios de comunicação e mercado - “Agro é pop, agro é tudo” - é o reflexo do manuseio de determinadas ideologias e valores que pretendem legitimar as ações desses grupos dominantes. 

    O exemplo da agropecuária é só um entre muitos que explicam a forma como os valores e ideias têm sido construídos dentro da sociedade com o intuito de atender as demandas das camadas poderosas. O Estado é apenas um reflexo dessas camadas, não há de fato a representação da grande maioria, afinal, aqueles que estão presentes dentro das instituições são os representantes dos grupos dominantes. 

    Compreendendo que esse Estado é manuseado e interferido por grupos restritos, e que as ideologias e valores que são de fatos institucionalizados dentro do país são advindos deles. Ou seja, o pensamento popular sofre grandes interferências para que ideologias favoráveis aos grupos dominantes sejam absorvidas e bem aceitas. 

    Os processos que possibilitam a legitimação de ações como essas não são questionadas no presente momento. Isso se deve justamente à implantação organizada de ideologias favoráveis aos poderosos. Apenas mais tarde é que se questiona como as coisas chegaram ao ponto em que se encontram.




Luísa Sasaki Chagas - Direito - Turma XXXVIII

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