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segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Amar: assim como David amou Jonathan


Na infinidade de todo o Cosmos, na complexidade de todas as formas, existe um animal que além de perceber aquilo que o exterioriza, necessita compreender e demonstrar aquilo que o interioriza. O fruto do binômio interno e externo, filho do mundo Eu e do mundo Ele, também é conhecido como homem. Tal criatura desenvolve tecnologias para o desenvolvimento no paralelismo de dois sistemas tão diferentes.
A primeira delas, e talvez a mais fundamental de todas, é o Amor.  Descrito como sequência de reações químicas que possuem a função de perpetuação da espécie, tanto na reprodução quanto no desenvolvimento do filhote, e também de melhorias na adaptação do indivíduo ao meio. É a resposta bioquímica para a vida longa e sadia da raça. Pelo menos essa é a definição de amor para o plano exterior. Para o Eu, o amor é a primeira dimensão do reconhecimento, é través dele que se descobre o que é e o que pode ser. O primeiro laço afetivo que molda a estrutura da individualidade. É sabendo que é amado e passível de amar que a criatura desenvolve a autoconfiança, ao conhecer a si mesma, parte em busca de conhecer o outro.
O Direito, como segunda manifestação do dualismo humano, é a ferramenta pela qual se busca a garantia e generalização dos preceitos constituídos a partir do amor. É a segurança idealizada de que os seus serão protegidos. Ao obedecer à mesma lei, cria-se um novo tipo de vínculo social, uma uniformidade, ou ideia de uniformidade, de liberdade e igualdade. Todos que dividem o mesmo espaço geográfico são protegidos pela capacidade de amar e pelo respeito às normas. O Eu sente que pode e é capaz de se desenvolver ainda mais.
A mais complexa das criações da duplicidade é a Solidariedade. Desenvolvida de um braço do Amor e fundamentada pelo Direito, é a responsável do principio fundamental do animal humano, a Sociedade. Pode ser traduzida como o amor ao todo, não especificado, é a ânsia em ajudar o outro porque isso agrada a sociedade, é benéfico a todos, o espírito de colmeia. O mais alto grau da consciência humana é a percepção que ela não está sozinha, que suas ações interferem no plano externo e interno de outros indivíduos e que esse desequilíbrio pode afetar a própria estabilidade nos dois planos. A pesar das diferenças, o ser solidário possui ciência de que todos são membros de uma só entidade e que o sua harmonia afeta o todo. A Sociedade é a pura expressão do desenvolvimento dessa forma de vida presa em duas dimensões.
 Tal esquema não alcançou, se é que alcançará, sua plenitude. Nem todos conheceram o amor, nem todos estão efetivamente protegidos pelo direito e nem todos estão integrados suficientemente para conhecer a esfera da solidariedade.
A solidariedade, como fim utópico do homem, é um desejo de uma sociedade calejada pelos erros e conquistas de seus indivíduos em busca de ideais de igualdade e liberdade. Ela é resultado das experiências anteriores, que não foi agraciada pela grande parte dos indivíduos. A parcela aqui apresentada teve seu primeiro embate com a mais fundamental expressão do homem, o Amor. Foram proibidos, caçados, mortos, presos, insultados e desprezados por manifestarem o cerne de sua expressão animal e social. Taxados pelas normas e pelo Direito, pouco usufruíram da igualdade e pouco conheceram a liberdade, quem dirá a solidariedade.

Outra forma admirável, característica da espécie, é a Luta. A luta como meio de alcançar àquilo que foi negado, de promover os mesmos princípios já aproveitados por muito tempo, a busca por reverter a situação e conseguir a integração no grande ser social. Não foi diferente com os que tiveram seu amor contestado. Através da Luta social, muito se construiu e muito se adquiriu. Houve a concentração dos denominados pela maioria como apóstatas, a constituição de uma sociedade e cultura paralela, respectivamente chamadas de Comunidade LGBTQ+ e Queer Culture, que fortaleceu e fundamentou a luta pela igualdade de direitos.. O Direito, como ferramenta de poder, pode também atuar como alavanca social. O reconhecimento brasileiro da união homoafetiva em 2011 é exemplo e fruto da luta social. A possibilidade de transformar a realidade pelos mesmos meios que a regiam. Criaram-se ali Amor e Solidariedade, a Luta aproximou e unificou os desejos dos integrados, potencializou sua voz e sua força A cada dia, apesar dos desafios, a Luta tenta elevar os “perjuradores” na escada do conhecimento interno e externo, auxiliando a busca pela integração solidária da espécie.

Rafael Pedro - 1º Ano - Diurno

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