Um dos efeitos da grande utilização das mídias sociais é a maior disseminação de ideias dos grupos minoritários, os quais lutam por espaço na sociedade. Comunidades como a feminista, LGBT e negra vêm ganhando visibilidade e acalorados debates virtuais acerca dos preconceitos presentes cotidianamente. Todavia, essa maior repercussão acarreta também uma generalização massiva relativizando os indivíduos integrantes de movimentos sociais e ignorando o impacto emocional das experiências vivenciadas por eles. Nesse sentido, faz-se relevante o texto de Axel Honneth, Luta por reconhecimento: a lógica moral dos conflitos sociais, no instante em que promove uma conexão entre sentimentos individuais e a organização coletiva.
A questão central dos movimentos sociais é a luta por reconhecimento. Nisso encaixa-se não somente o direito a ter garantias jurídicas, mas também a necessidade de ser visto como parte integrante da sociedade. Segundo Honneth, o constante desrespeito eclode em revoltas. Diante de várias opressões diárias, a integridade psíquica dos indivíduos agredidos fica comprometida e um dos principais impactos disso se dá antes na vida pessoal, visto que essa pessoa se sente diminuída no convívio social. Por isso, a luta por reconhecimento tem seu primeiro passo na esfera íntima manifestada pelo amor.
O amor ganha, para o autor, relevância no sentido em que instiga o auto-respeito e a auto-estima. O sujeito em busca de reconhecimento na sociedade precisa antes reconhecer-se e respeitar sua própria subjetividade. Dessa forma, uma organização coletiva necessita de integrantes conscientes do seu próprio eu, que se saibam humanos o suficiente para gozar de direitos, e, por conseguinte, tenham força de lutar contra a opressão sistemática.
Seguindo da esfera íntima encontra-se a esfera pública. Pode-se utilizar como exemplo a causa LGBT e o recente reconhecimento da união homoafetiva. O STF (Supremo Tribunal Federal) julgou, em 2011, legítima a união estável entre casais do mesmo sexo, numa decisão unânime. Enquanto questão de relevância política e social, com alta repercussão, decidida pelo poder judiciário, o julgado caracteriza o fenômeno da judicialização, matéria tratada por Luiz Roberto Barroso no texto Judicialização, ativismo judicial e legitimidade democrática. Contudo, a conquista é resultado da pressão social exercida pelo movimento LGBT quando este se entendeu passível de reconhecimento jurídico. Fica evidente, portanto, que longe de ser o judiciário empregando como legítima uma forma de amor, o reconhecimento do direito veio a partir do amor que se impôs como legítimo.
Logo, o reconhecimento, para além de afirmar minorias como sujeitos de direito, perpassa pela auto-realização pessoal. A contribuição de Axel Honneth está justamente na inovação teórica e metodológica de reconhecer a humanidade e individualidade das lutas sociais, visibilizando os sentimentos e enaltecendo o amor como principal agente de transformações positivas na sociedade.
Daniela Cristina de Oliveira Balduino - 1° ano, diurno
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