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domingo, 19 de junho de 2011

Compreendendo as ações humanas

Max Weber é considerado um dos fundadores da sociologia moderna e um de seus principais expoentes, tendo exercido grande influência no pensamento sociológico atual. No texto que escreveu para a revista "Arquivo para a Ciência Social e Política Social", discute a objetividade do conhecimento na ciência social e os métodos empregados na análise científica.

A sociologia de Weber é dita compreensivista, pois tem como função, antes de tudo, compreender o sentido da ação social do indivíduo, sendo este movido por valores. Esse é um dos pontos principais do pensamento weberiano: a defesa dos juízos de valor, pois, segundo Weber, eles não podem ser extraídos da investigação científica. Além disso, não podemos negar que só analisamos aqueles elementos da realidade que têm algum sentido para nós, que estão de acordo com os valores pelos quais nos orientamos. Poderíamos perguntar, entretanto, o seguinte: se os juízos de valor não são afastados e de certa maneira até determinam o rumo da análise científica, a objetividade característica desse processo não fica comprometida? Para Weber, toda pesquisa tem um ponto de partida subjetivo; existe uma matriz cultural e religiosa que origina a racionalidade do homem, mas essa semente irracional não chega a destruir a objetividade da ciência, pois seu ponto de chegada é sempre rigorosamente objetivo, alcançado através de determinados métodos de trabalho.

Weber critica de maneira clara o materialismo histórico defendido por Marx e Engels, segundo o qual eram atribuídos aos fenômenos históricos e sociais sempre uma causa econômica. Para ele, essa interpretação estava ultrapassada, pois nenhum fenômeno cultural pode ser reduzido a causas econômicas, visto que a cultura é, também, conceito de valor, sendo, portanto, produto do olhar de cada um sobre a realidade. Ele também critica o determinismo da ciência, pois os princípios universalmente válidos não podem ser tomados como cem por cento precisos. Para ele, então, o que ocorre é uma aplicação forçada do materialismo histórico e um rebaixamento das demais causas, que não a econômica.

Assim, conclui-se que a sociologia de Weber baseia-se num individualismo metodológico, pois defende que a decisão do indivíduo se dá pela escolha de seus próprios valores, ou seja, embora sofra influência do contexto social em que vive, não se pode compreender suas escolhas como sendo sempre produto desse meio, pois o ponto de partida é, essencialmente, o valor. Por exemplo, um jovem que, mesmo sendo incentivado pelo ambiente à sua volta a entrar para o crime, opta por buscar uma vida digna (estudando, trabalhando, etc), o faz seguindo seus valores pessoais, e é essa intenção da ação humana que Weber procura entender. Dizer o contrário seria o mesmo que afirmar, como infelizmente muitos acreditam ainda hoje, que "todo pobre é bandido". Portanto, Weber não acredita na superioridade do coletivo sobre o individual, da maneira como Durkheim orientava seu pensamento, pois o indivíduo é dotado dessa liberdade de fazer escolhas, sendo movido, acima de tudo, por suas paixões, sentimentos e valores em geral.

Com o objetivo de compreender a ação humana, Weber estabelece três tipos de ação social: visando fins (uma meta específica que a pessoa procura alcançar), com relação a um valor (pela defesa de uma ideologia, por exemplo), afetiva (estimulada pelas paixões) e tradicional (de acordo com costumes e hábitos). Também desenvolveu o tipo ideal weberiano, obtido pelo encadeamento de vários fenômenos isoladamente dados, para se formar um quadro de pensamento homogêneo. Entretanto, esse "tipo ideal" representa uma utopia, pois não pode ser encontrado na realidade. Trata-se, portanto, de um meio para a análise, uma forma de organizar o caos e transformá-lo em conceitos compreensíveis.

Por fim, fica evidente que o pensamento de Weber representou uma inovação na sociologia e influenciou também a concepção das ciências humanas, pois, para ele, estas seriam introspectivas, utilizando a intuição direta dos fatos e um aspecto subjetivo do indivíduo como ponto de partida.

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