A pandemia de Covid-19 vem expondo, ao longo de 2020, diversos
problemas sociais, mazelas econômicas e até mesmo falhas fundamentais no
sistema econômico vigente. É importante, entretanto, ressaltar que esses
problemas não são novos, e já foram sistematicamente analisados muito antes do
caos atual.
A partir de uma perspectiva Weberiana, observemos o processo de “retomada
da economia” no Brasil. Ora, é fato que a pandemia prejudicou imensamente os
setores produtivos, mas isso não pode – ou poderia – se sobrepor à importância
da vida humana. Entretanto, não é isso que se observa.
Weber propôs o conceito de legitimidade de dominação, que é, por exemplo,
a dominação exercida pelo Estado sobre a população. Refletindo sobre a quem serve
a ação atual do Estado brasileiro, ou seja, quem se beneficia da reabertura
econômica às custas de milhares de mortos, a resposta é óbvia: a classe
dominante economicamente, o que se conecta a outra noção Weberiana, a pretensão
de universalização dos interesses materiais de uma classe.
Mais ainda, essa universalização é feita através do direito, o qual
é adequado aos interesses burgueses, de modo a garantir a segurança jurídica
necessária para que o mercado possa operar normalmente. Em tempos de coronavírus,
tal universalização se mostra presente quando o Estado e, portanto, seu aparato
legal, consideram correto beneficiar uns poucos a custo de muitos.
Sofia Malveis Ricci - 1º ano noturno
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