A união
homoafetiva e a polêmica que envolve
Na atualidade há
uma luta de peso e diária para que a comunidade LGBT tenha seus direitos reconhecidos,
e assim, desconstruir, pouco a pouco, o preconceito e aversão às pessoas
decorrentes de sua sexualidade. Dessa maneira, há uma polêmica quando trata-se
da união homoafetiva e sua legalização, já efetivada no Brasil atualmente,
alegando-se de forma errônea e com base em preceitos conservadores que o ato
ameaçaria a ordem, a cultura, prejudicaria as crianças, entre outros.
Acontece, no
entanto, que não há nenhuma prova de que um casamento desrespeite alguma lei já
inclusa na Constituição Federal vigente, sendo, inclusive uma forma de dar
legitimidade aquilo que a mesma institui, como o princípio de isonomia, o
princípio da liberdade, principio da dignidade da pessoa humana, princípio da
segurança jurídica, e o da Proporcionalidade.
Axel Honneth
caracteriza as origem das lutas sociais com base na teoria do reconhecimento,
dividido em três dimensões crescentes: o amor, que é responsável, desde a
infância pela auto confiança, indispensável para a participação autônoma na
vida política, o direito, uma vez que a vigência de um conjunto de leis em uma
comunidade gera o sentimento de identificação com o próximo, e a solidariedade,
que se relaciona com a coletividade e a representatividade. Quando há lesão da
construção do reconhecimento em uma dessas dimensões, e quanto esse processo é
recorrente, passa-se a ter uma luta social, que conta, por vezes com o auxílio
do judiciário para alcançar conquistas sociais com base na lei. A união
homoafetiva e o conflito que trouxe consigo se baseia na falta de reconhecimento
tanto no direito, quanto na solidariedade, quando não no amor, já que muita
vezes a questão da sexualidade é motivo de conflito dentro da própria família
do indivíduo.
Ainda segundo
Honneth, ele classifica as lutas sociais com base nas suas motivações, podendo
essa ser o interesse ou o desrespeito. Assim, pode-se dizer que a luta pela
direito do casamento entre homossexuais se inicia no desrespeito, quando há a
falha no sentimento de reconhecimento, já que não se viam representados na lei
os homossexuais e mesmo depois de que viam-se, muitas vezes sofrem preconceito
pela comunidade, até tornar-se um conflito de interesses, que se relaciona com
a sobrevivência, já que o amor e o casamento são coisas básicas e comuns entre
toda a sociedade, condição muito tempo negada à homossexuais.
Por isso, com um
sentimento de lesão profundamente arraigado na sociedade LGBT, houve o ingresso
à luta social pelo direito de exercer de maneira livre aquilo que já ocorria, e
com o apoio do judiciário torna-se mais fácil para que o preconceito seja
desconstruído no resto da população que não compactua com a união homoafetiva,
e assim, alcançar um estado de equidade de direitos e diminuir o sentimento de
lesão.
Mariana Cruz de Souza- Direito Diurno XXXV
Nenhum comentário:
Postar um comentário