Para o
sociólogo alemão Axel Honneth, em contraste ao que foi preconizado pelas gerações
de sociólogos anteriores a ele, as mobilizações da luta social não decorrem
apenas do embate de interesses do conflito de classes; estas mobilizações
ocorrem pelo sentimento de lesão moral. O indivíduo que sente que sua condição
de igualdade foi lesada, buscará a solução desse quadro para poder usufruir de
um direito visto por muitos filósofos jusnaturalistas, como simplesmente natural
ao homem, o direito à igualdade.
A
decisão que reconheceu a união homoafetiva ilustra a tese de Honneth, a medida
em que os homossexuais se sentiram lesados por terem seus direitos negados por
interesses morais ou religiosos de pessoas que sequer teriam suas vidas
diretamente afetadas por tais uniões, tendo em vista que a intimidade do outro
não nega direito algum à terceiros. As três dimensões de Honneth, o amor ( normalmente
o maternal que gera a auto confiança), o Direito ( que expande a auto confiança
a ponto de permitir a vida pública ao entender que a lei afeta a vida de todos)
e por último, a solidariedade em que o reconhecimento dos pares gera a
efetivação dos anseios do indivíduo; servem de base para a compreensão dos
motivos que levaram aos homoafetivos acionarem o Judiciário para atender suas necessidades.
A
sensação de lesão de ao menos duas dimensões, ao não serem reconhecidos nem
pelo Direito vigente e consequentemente, nem pela sociedade (os seus pares)
gera um sentimento de indignação no indivíduo, sendo que o texto constitucional
não proíbe suas relações, na verdade condena a discriminação e exalta a
igualdade, portanto, um bloqueio preconceituoso sequer baseado na norma
explícita é mais do que o suficiente para que todos os que se sentem lesados
por ela busquem a derrubada de tais entraves.
A
decisão do STF que reconheceu a união homoafetiva representa a vitória dos que foram
lesados e a celebração dos princípios de igualdade e liberdade da norma
constitucional, portanto, graças a ela, ao menos a lesão de segunda dimensão
foi cessada. A decisão não encerra a luta, pois a terceira dimensão foi
restaurada parcialmente, pois os pares devem reconhecer os direitos dos
homoafetivos sob pena de sanções legais, o pleno reconhecimento à igualdade se
dará apenas quando não for necessário a intervenção estatal para manter a
igualdade e sim que todos tenham a capacidade de se reconhecer como iguais por
serem cidadãos.
CAÍQUE
BARRETO DA SILVA – TURMA XXXV - MATUTINO
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