O filósofo René Descartes inaugura o pensamento moderno com essa questão, que embora pareça banal, é complexa e discutível. Primeiramente, vale ressaltar que a verdade, por essa linha de raciocínio, é absoluta, ou seja, no conjunto de fatos analisados apenas um é realmente verdade; e é nesse aspecto que a teoria começa a ser discutível. Para desenvolver meu parecer sobre a obra, esclareço que concordo com o posicionamento cartesiano e acredito que seu método racional seja o ideal para tal fim.
Dessa forma, partindo do pressuposto de que a verdade é um fato absoluto, inexistindo sobre sua existência qualquer dúvida, sobra o questionamento a respeito de como alcançá-la. Para o pensador, a matemática é um ramo cientifico plenamente teórico, não se baseando naquilo que os sentidos captam, como acreditam os empíricos, sendo portanto o caminho certo para a reflexão acerca dos fatos.
Tal contraste entre aquilo que é teorizado e o que é observado (ou sentido, de forma geral) pode ser ressaltado quando olhamos para uma parede pintada, por exemplo. Considerando que o ser humano não é capaz de captar todas as frequências de onda disponíveis na natureza, e que destas surgem as cores existentes na natureza, é verdade que a parede realmente está pintada da cor que enxergamos? O mesmo teor dessa dúvida pode ser encontrado em todos os ramos da ciência, o que faz o levantamento de Descartes ser tão relevante para o desenvolvimento da filosofia moderna.
Embora tal linha de raciocínio aparente ser contraditória com o autor e seu contexto histórico, visto que proposta quando o pensamento humano ainda se desprendia do status quo medieval, cujo senso comum era predominantemente dogmático, Descartes a utiliza para tentar provar a existência de Deus; apesar disso, foi enterrado inicialmente em um cemitério para crianças não batizadas, por ser católico e falecer em um país protestante, e teve suas obras incluídas na lista de livros proibidos pela igreja católica posteriormente.
Gabriel Nagy Nascimento - 2° Direito Noturno
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