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quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Aborto à luz da Física Social de Auguste Comte

          Hodiernamente observa-se um intenso aumento das discussões que permeiam a emancipação da mulher, trazidas à tona, principalmente, pelo movimento feminista e que perpassam pelas diversas instituições sociais, como a moral, a religião e as leis. Uma dessas questões é o aborto, tema de grande controvérsia. Existem aqueles que o defendem, baseando-se em argumentos como a livre decisão da mulher sobre o seu próprio corpo, os métodos abortivos inseguros que matam mulheres, a pressão moral de origem machista de que a maternidade é elemento fundamental e irrevogável da vida feminina e tantos outros. Do outro lado há os contrários ao aborto, os quais expõem alegações de cunho religioso, moral, biológico e outros para justificar seu ponto de vista. Analisando a questão com o olhar do Positivismo de Comte pode-se perceber que a Física Social se encaixa muito bem às elucidações daqueles que declinam o aborto, expondo a atualidade de uma teoria construída à quase dois séculos.
            A Filosofia Positiva nasce com o intuito de ser uma ciência que compreenda e intervenha na sociedade, sendo a mesma um produto de observações e não do metafísico. O conhecimento produzido por sua apoteose, a sociologia, repousa sobre os fatos, sem querer saber sua origem e causa íntima, utilizando a razão e a observação para descobrir seus vínculos. Baseando-se no paradigma newtoniano, Comte estipula leis invariáveis – ordem e progresso – que regem o meio social e que permitem o seu desenvolvimento, o qual é diretamente ligado a não transformação das instituições sociais. A partir disso, vendo a contemporaneidade pela ótica positivista, é possível considerar o aborto como algo que afetará a instituição familiar e também a sociedade como um todo, uma vez que retirará o significado principal dessa que é considerada a célula mãe do corpo social: a capacidade de gerar descendentes que ingressarão no mesmo, constituirão novas famílias e, assim, possibilitarão a continuidade e o bom funcionamento do coletivo.
            Percebe-se um conservadorismo no Positivismo quando aplicado aos dias de hoje, porém não se pode esquecer que essa teoria significou uma ruptura para época em que foi construída. Atualmente é possível que as ciências humanas pensem a sociedade de uma maneira mais complexa do que Comte, algo que se deve considerar quando imerso em debates de cunho progressista, os quais são, muitas vezes, não bem recebidos pelo senso comum. O que é entendido como desenvolvimento nos dias de hoje não é o mesmo do entendido pela teoria comtiana.



Yasmin Fernandes Soares da Silva - 1º ano Direito [matutino]

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