Propõe-se à reflexão: até que ponto a
influência da filosofia positiva perfaz as diretrizes sócio-políticas do Brasil.
Sabe-se que a filosofia positiva engendra uma apreciação da realidade em que se
vislumbra uma evolução social na qual o ápice estaria na constância de uma
ordem técnica e racionalista desvencilhada de superstições e quaisquer noções
metafísicas da realidade. Lamentavelmente, apesar da justificação ideológica em
prol do progresso e das benesses de sua “utopia racionalista”, é difícil crer
que o positivismo tenha tido apenas influência profícua na construção do
Brasil.
Essa que é chamada uma teoria da
física social identifica-se em diversos pontos da história republicana brasileira.
Primeiramente, no governo Vargas que tinha por fundamental o desenvolvimento
nacional a partir de uma visão técnica em que se lapidaria o homem brasileiro.
Igualmente, os governos militares foram
abertamente tecnocráticos tornando a política em si mesma um agente secundário
da administração pública. Por fim, as reiteradas rupturas institucionais que apareceram com o viso de criar uma sociedade ideal identificada com
o progresso almejado pelos positivistas, visto que o Brasil, em períodos que
variam de 20 a 30 anos em média, geralmente passa por épocas de grande
passionalidade dos sentimentos nacionais e faz-se um movimento de ruptura
institucional ansiando a criação de uma sociedade e de um Estado ideais.
Atualmente,
o país atravessa um período de desprestígio da classe política em geral, no
qual o próprio respeito às autoridades constituídas parece perder o sentido.
Novamente o sonho positivista do progresso renasce em diversas proposituras,
alguns creem na capacidade reformadora da Operação Lava-Jato e os mais céticos
chegam a propor a convocação de uma Assembleia Constituinte Exclusiva. Em
épocas como esta na qual o texto constitucional deveria ecoar como fonte de
resistência aos percalços que se apresentam ao país, mais uma vez algumas vozes
fazem o Brasil reviver seu ciclo de buscas constantes por uma solução utópica
mantenedora absoluta da ordem.
É conclusivo afirmar, portanto, que o que se
evidencia é objetivamente a presença de uma obscura mentalidade positivista no
país. A ideia da máxima perfeição técnica da realidade tem trazido ao Brasil o exato oposto daquilo que a referida teoria se propõe:
ao invés de basear a realidade na concretude das ações humanas e das situações
diversas, o país tende a idealizar, sempre buscando uma abstração que nunca se
materializa, a ordem e o progresso, legado positivista para reflexão dos dias atuais.
Gustavo de Oliveira- 1º ano noturno
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