Caro Comte,
Venho por meio desta dizer-lhe que escolhi desviar-me. Escolhi desviar-me dos padrões normativos dessa sociedade doente em favor de mim mesma. Pode parecer loucura para ti, uma vez que defendia a renúncia da individualidade em favor da coletividade. Todavia, entre sua perspectiva e a cantada por Ney Matogrosso, eu escolho a dele para guiar-me, mesmo que “Dizem que sou louco por pensar assim, se eu sou muito louco por eu ser feliz, mas louco é quem me diz e não é feliz”. Escolhi desviar-me dessa perspectiva positivista e rasa que propaga nos dias atuais a intolerância e a discriminação por meio de frases como “bandido bom é bandido morto”, “o erro da ditadura foi torturar e não matar”, “o sangue de um homossexual pode contaminar o sangue de um heterossexual".
Precisei abster-me do todo e escolher a mim mesma para viver efetivamente minha sexualidade “anormal” e para dispor do meu corpo como bem entender, no entanto, cabe salientar que não escolhi ser chamada de vadia por usar uma roupa curta e também não escolhi ouvir "você só é lésbica porque nenhum homem te c*#@& direito". Não escolhi ver centenas de mim serem agredidos todos os dias por viverem sua sexualidade e não subjugar-se aos preceitos dessa sociedade intolerante. Caro Comte, seu intuito pode não ter sido esse, mas a sua visão mata centenas de mim todos os dias, tanto pela opressão, tanto pela violência.
Bruna Maria Modesto Ribeiro, 1º Ano - Diurno
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