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segunda-feira, 5 de maio de 2014

Pela Humanidade

"Rolezinhos".
Assim são chamados os passeios vibrantes, bem-humorados e descontraídos que os jovens das mais diversas periferias começaram a realizar como forma de diversão. Diversão, eu disse. Não protesto. Não protesto. NÃO. E que todos os revolucionários e reacionários se calem agora. Porque o silêncio é o legítimo clamor que ecoa pelas cidades – o verdadeiro protesto. Ecoa como o vento, sorrateiramente. E sim, meus caros, mesmo a brisa mais leve pode se transmutar em um tornado. Mas a vida, o cotidiano são mais do que simples protestos.
Ora, os jovens criaram o rolezinho como uma simples forma de rirem, se divertirem e esquecerem um pouco do mundo de privações onde se sustentam. E isso nas palavras de seu próprio idealizador, um jovem simples que, aliás, morreu vitimado pela violência há alguns dias. Mas na morte dele pouco se falou não? Não houve protesto no seu funeral? Onde estavam os grupos de esquerda quando ele viu a própria vida se esvaindo - como uma brisa - diante do mundo? Talvez preocupados em trocar farpas com o famigerado "status quo". Mas o mundo não precisa de debates nem birrinhas políticas, o mundo precisa de acionistas e também de ativistas - todos têm seu valor na sociedade. Pena que o mundo anda tropeçando no caminho, andando numa corda bamba que fica no limiar entre o maniqueísmo e o relativismo.
Mas deixemos as divagações um pouco de lado. Coloquemos os pratos na mesa: dois juízes, duas decisões. Dois pesos, quantas medidas? Vejamos sob a perspectiva atual, como em um espetáculo:

“Em uma primeira versão vemos uma decisão que permite os famosos passeios em meio ao igualmente famoso Shopping Iguatemi”.
A esquerda vibra, até chora de emoção.
-Viva a democracia!
-Viva o direito de ir e vir!
-Viva o direito ao protesto!

E - Santo Cristo! Lá vem eles com esse papo de protesto.
Ora, mas não são estes que escondem o celular ou fecham o vidro do carro quando veem um grupo de jovens de bermuda e boné andando pela calçada à noite?

Segundo caso, juiz proíbe os rolezinhos.
A esquerda se senta, a Direita ascende! Urra! e Vibra!
Esses colaboradores de Rachel Sheherazade (Sim, tive que buscar no google para poder escrever esse maldito nome).
E dizem:
-Fora os desordeiros! - Ah, os desordeiros, os malandros, os trombadinhas.


Bem, a quem tomaremos por Judas hoje? A Esquerda ou a Direita? Sim, porque tomar partido político hoje em dia parece que só serve para isto - brigas e mais brigas com a oposição. Cadê a esquerda militante? Cadê a Direita e sua pretensa "Ordem", seu aclamado "Positivismo"? Não vejo militância, tampouco ordem. Ambos falham em suas aspirações não? Ou talvez bem seja hora de acabarmos com esse maniqueísmo político ridículo e nos unirmos junto ao que realmente importa: a humanidade. E sem teorias do século XX, pois o XXI trouxe muitas novidades a qual não estamos dando a devida importância. Talvez nossa realidade multifacetada e multicultural não nos reserve mais o luxo de trabalharmos com teorias políticas antiquadas e que, sejamos francos, estão aquém da verdadeira justiça que pretendemos. Afinal, o verdadeiro peso da justiça deve ser a misericórdia, e não a vingança! A verdadeira justiça deve ser um prato de comida, uma casa adequada e uma escola para a periferia – não a “liberdade” de “protestarem” inertes em um sistema do qual sozinhos não podem se libertar. Essa é a verdadeira justiça, e a verdadeira Ordem. E para que alcancemos tal meta, aceito abster-me de partido. Pelo bem da raça. Pelo bem do povo – e meu próprio bem. Em prol de um mundo onde partido político não seja apenas a adoção de um discurso pronto em uma pátria pragmática. Em prol de uma realidade onde a luta já não comece com a derrota. Derrota de um povo que esqueceu seus verdadeiros objetivos, e com isso matou sua razão. O Positivismo, o Marxismo até serviram à sua época. A nossa é outra. Não estamos mais na “Era dos Extremos” , estamos na Era dos Rolezinhos. Sejamos francos, sejamos sutis. Como o vento, que pode transmutar-se em furacão, basta-lhe um eixo correto para girar. E girar. E girar.


P.S. - Sem poesia essa semana. >.<


Adolfo Raphael Silva Mariano de Oliveira      1º Ano   Direito Noturno XXXI

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