Os "rolezinhos", encontros de jovens agendados via internet para ocorrer em em espaços públicos, causou alvoroço entre comerciantes e frequentadores de shoppings centers em 2013. Isso se deve principalmente ao fato de que estes jovens são majoritariamente pertencentes às classes econômicas C e D, as quais se tornaram mais expressivas em nosso país recentemente. A presença desses novos grupos em determinados setores da sociedade, entretanto, ainda não foi assimilada pela teimosa e sempre conservadora classe média brasileira.
Essa última, acostumada a frequentar verdadeiras bolhas sociais onde há pouco apenas pessoas de classe econômica semelhante eram vistas, sente-se ofendida e até mesmo ameaçada com a presença em massa de indivíduos distintos daqueles de seu grupo. Fazendo uso de argumentos extremamente positivistas, a classe média afirma, veladamente, que shoppings centers não são o lugar de pessoas que frequentam o rolezinho, já que este apresentaria risco à segurança pública. Tal afirmação, entretanto, é absurda, já que as reuniões promovidas por esses jovens jamais tiveram segundas intenções que possam ser caracterizadas como ilícitas. Dessa forma, esses indivíduos, por mais numerosos que fossem, estavam exercendo o seu livre direito de ir e vir, o qual, em teoria, deveria ser garantido pelas autoridades à qualquer pessoa de qualquer classe social.
Diante disso é possível inferir que a decisão do juíz Alberto Gibin Villela de envolver policiais para evitar a concretização do rolezinho é extremamente equívoca, conservadora e positivista. Aqueles que concordam com dada resolução claramente se recusam a aceitar a mudança estrutural e o maior contato entre as classes econômicas que a nossa sociedade vem sofrendo há alguns anos.
Laísa Helena Charleaux - 1º ano do Direito noturno
Nenhum comentário:
Postar um comentário