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segunda-feira, 5 de maio de 2014

A proibição dos rolezinhos como forma de apartheid econômico

Durante a última década o Brasil viu um grande aumento de sua classe média. E esses milhões de pessoas que ascenderam das classes D e E querem cada vez mais ter acesso aos produtos e serviços consumidos pelos segmento mais favorecidos da sociedade. Uma grande demonstração destes anseios são os chamados "rolezinhos" que são encontros de jovens dessa nova classe média organizados pelas redes sociais que acontecem principalmente em Shoppings Centers para promover o lazer e o consumo. Entretanto, a fim de coibir tais encontros, vários donos de shoppings e comerciantes foram pedir na justiça a proibição destes no espaço do Shopping Center, que teoricamente é um espaço público. E é triste ver alguns juízes agirem em deferimento à proibição.
Alegando a defesa da propriedade privada e do direito de ir e vir dos consumidores, as proibições ferem na verdade o direito à liberdade de expressão e o direito de ir e vir dos pertencentes ao movimento, que não têm nenhuma intenção de violar a propriedade, tendo apenas a intenção de se reunir e consumir. Infelizmente, alguns oportunistas usam da situação para atos de vandalismo e saques, mas não é correto proibir o movimento por causa destas pessoas, cabe às autoridades apenas a mobilização de efetivo policial suficiente para garantir a segurança dos manifestantes e reprimir os delitos. Só isso.
Tudo isso me parece, na verdade, uma especie de apartheid econômico, onde os ricos,  habituais frequentadores de shoppings, querem se segregar das classes com menos renda, impedindo-as de frequentar o mesmo ambiente de lazer. E é muito triste ver juízes, os defensores das leis e da justiça, legitimarem esse tipo de atitude.

Vinicius Bottaro
1° Ano Direito (Noturno)

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