Ao se
encontrar descrente perante o ensino da filosofia tradicional, já que
acreditava que essa não transmitia um aprendizado que tivesse utilidade na vida
prática, Descartes propôs um método de obtenção de conhecimento que se guiava
pela razão, na obra conhecida como O Discurso do Método. O filósofo não trouxe
grandes novidades em relação ao conhecimento, mas sua maior inovação foi a
criação de um método que guiasse a obtenção daquele. Defendia que a razão é
intrínseca ao homem, e que as diversidades de pensamento surgem por dirigi-lo
de diferentes maneiras e pela consideração ou não de determinados fatos. Na
época, inclusive o direito sofre certas modificações para que passasse a mudar mais
intensamente a realidade. O direito canônico é substituído, em partes, pelo
direito civil.
O método
criado por Descartes tinha como guia a dúvida, ou seja, toda ideia que não possuísse
comprovação científica concreta deveria ser posto em dúvida, e não se aceitar
os fatos sem questionamento. E ao
analisar o passado, vê-se claramente que todas as comprovações adquiridas ao
longo da história foram obtidas por se duvidar de algo não comprovado. Como
exemplo, pode ser citado a teoria da geração espontânea, que ao gerar dúvidas, levou
a diversos estudos.
Defendia
também que a matemática, devido a certeza de suas razões, seria sempre algo
incontestável, sendo o método cartesiano talvez a contribuição mais conhecida
do filósofo na área. A filosofia, ao contrário, sempre teria algo sobre o que se
discutir.
Para seguir
o método mais fielmente, Descartes estabelece uma moral a ser seguida, e um de
seus princípios tem como base a sobreposição do mundo sobre os interesses
individuais. Assim, defende que deve-se sempre acreditar que nada está ao nosso
alcance, salvo os pensamentos, para que assim não se tenha uma felicidade dependente
do que não se tem. Essa concepção, contemporaneamente, vai contra os princípios
capitalistas, que difundem, através da propaganda, a ideia de necessidade
vinculada à felicidade.
Seu método,
ao negar a existência de tudo que pudesse ser duvidado, cria uma única máxima da
qual não se poderia duvidar: ‘’ penso, logo existo’’. Conclui-se com essa que a
existência do ser humano está vinculada ao pensamento, não dependendo assim do
local ou material em que existe. Com essa máxima, estipulou que tudo que se vê
com clareza e distinção é verdadeiro, porém a dificuldade residiria em
conseguir distingui-las, já que os sentidos são enganosos. E vai além, diz que
todos os homens são dotados de paixão e razão. A paixão é o que faz o indivíduo
ter ideias idealizadas, e a razão, ideias empíricas. Entretanto, todos tendem a
se inclinar mais para a paixão, tornando ainda mais difícil a distinção do
real. Defende ainda que os sonhos não devem ser descartados, mas devem, assim
como os sentidos, ser apurados pela razão.
Por se
inserir em uma realidade em que ir contra os dogmas da igreja trazia sérias
consequências, em momento algum duvidou da existência de um ‘’ ser superior’’.
E embora defendesse firmemente o uso da razão, para seu objetivo de estudo, que
era criar conhecimentos aplicáveis cotidianamente, não necessitava romper com a
instituição.
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