É bastante provável que o primeiro contato com René Descartes no Ensino Fundamental esteja vinculado à Geometria, sendo o Sistema Cartesiano. Seu maior legado, contudo, sua mais marcante herança aos pensadores posteriores, e até aos puramente interessados em compreender sua obra, está na Metodologia desenvolvida pelo francês no que diz respeito ao Estudo da Razão, objetivando sempre um aumento gradativo de seu próprio Conhecimento em detrimento dos possíveis enganos que a falta desse geraria.
Tendo estudado em uma Escola de tendências filosóficas tradicionais, na crença de que, assim, elevaria seu aprendizado e alcançaria a erudição, percebe-se circundado por inúmeras dúvidas após findarem os anos acadêmicos. Ao dissertar sobre o conflito, expõe em sua obra "Discurso do Método", um marco do início da Filosofia Moderna, a forma com que conduz sua razão e pensamento, levantando diversos aspectos e tornando-os públicos para serem, antes de tudo, acessíveis aos que possuíssem bom senso, os Homens.
Dotado de um enorme desejo em discernir o Verdadeiro do Falso, esperando assim encontrar maior segurança em seu percurso, Descartes sugere inicialmente que se abdique das antigas convicções inculcadas pela sociedade em que se vive, passando a construir em si um ideário a partir da emissão de julgamentos próprios. Estabelece, também, quatro Máximas de uma "Moral Provisória", todas traçadas ao longo da experiência de superar os costumes; os possíveis excessos que levariam à cegueira ante aos fatos; a noção de que se é imperfeito e, a partir daí, não rege o universo completo e nem tem controle sobre tudo; até concluir que, quanto mais cientes de seus próprios limites, mais satisfeitos os Homens seriam.
Partindo mais da observação do que da atuação, afirma que sua necessidade de duvidar está baseada na ideia de que, apenas com questionamento, chegará a uma resposta mais exata quanto à veracidade do fato, estando a indagação sempre associada à elevação do conhecimento como um todo.
Também por meio da análise e retórica, constroi a imagem de um Ser do qual todos os outros descendem e dependem, um Ser perfeito que possibilita a existência de e, acima de tudo, a crença na Verdade em alguns fatos, como o Sol, a Lua e os Astros. "Deus", como denomina a mais alta forma de Superioridade, não possui limitação de conhecimento, é a representação máxima da razão, pois dele surgem as outras, e, apenas com as dúvidas e indagações sobre o que os sentidos podem encontrar, chegar-se-ia ao ponto de maior proximidade com o Conhecimento real, puro e superior de Deus.
Descartes foi filósofo, matemático, físico. Antes do resto, no entanto, foi um fiel questionador do Universo e suas Leis, indubitavelmente icônico ao mundo Ocidental, deixando como uma das mais importantes ideias a de que um ser que duvida está pensando, e, assim, não há maior certeza do que a sua existência. "Dubito, ergo cogito, ergo sum".
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