Diante da
descrença com o ensino de sua época, cuja serventia não era aplicável à vida
prática, Descartes resolveu buscar um novo método de produção de conhecimento,
um método unívoco, isto é, que passa por um caminho único e reto, e todos os
outros, em sua concepção, seriam ilusão. De tal ponto de vista surge sua crítica
à filosofia, visto que esta, apesar de ter sido cultivada pelos mais elevados
espíritos, não foi capaz de eliminar os outros caminhos, sendo freqüente objeto
de discussões e dúvidas, além de ter sido alicerçada em bases não sólidas.
Segundo o
filósofo, não há forma de compreender e interpretar o mundo que não esteja no
próprio homem, o que seria feito através da razão, elemento que o diferencia
dos animais e deve ser usada como meio controlador das paixões. Utilizá-la para
compreender, interpretar e dominar o mundo seria fazer utilização plena dos
desígnios de Deus, pois Ele criou o homem à sua imagem e semelhança, ou seja,
Deus, para Descartes, é a razão maior, o arquiteto do mundo, e devemos,
portanto, exercitar aquilo que nos foi dado com efetividade, através da ciência,
por meio do método científico.
O método de
Descartes baseia-se em quatro princípios: 1) Questionar, duvidar. 2) Fragmentar
o conhecimento como objeto de estudo. 3) Desses fragmentos, partir do mais
simples para o mais complexo. 4) Revisar. Não desejava, com isso, imitar os
céticos; ao contrário, pretendia destruir todas suas opiniões mal alicerçadas e
estabelecer outras mais corretas. Inclinar-se mais para o lado da desconfiança
do que para o da presunção foi motivo de orgulho para o filósofo, que
acreditava ter feito a melhor escolha quando trilhou tal caminho.
De seu
intrínseco desejo de aprender a diferenciar o verdadeiro do falso, aprendeu a
não acreditar em nada do que lhe havia sido inculcado só pelo exemplo ou hábito.
A satisfação que ter criado seu próprio método lhe proporcionava preenchia seu
espírito, e não conseguia satisfazer-se com opiniões alheias, sem analisá-las
utilizando seu próprio juízo, pois considerava tal ação uma perda de
oportunidade de encontrar opiniões melhores, caso existissem.
Dedicando-se,
então, à pesquisa da verdade, passou a rejeitar como falso tudo aquilo que
fosse suscetível a menor duvida com o intuito de ver se algo sobraria como
incontestável. Em suas divagações, concluiu que poderia tomar por regra geral
que as coisas que concebemos clara e distintamente são todas verdadeiras.
Assim, surge
na filosofia a maior contribuição de Descartes, o método científico, uma
nova proposta de obtenção de conhecimento que, baseando-se na dúvida, rompeu
com tudo aquilo se que praticava até então e abriu espaço para o surgimento de
novas ideias.
Julia Bernardes- 1° ano- Diurno
Nenhum comentário:
Postar um comentário