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domingo, 23 de março de 2014

Carta para René

Querido René,

 Primeiramente, eu gostaria de me desculpar por não ter comparecido na sua despedida, como você sabe, mamãe adoeceu e, portanto, necessita de meus cuidados. Para reparar o desencontro, em uma de suas próximas viagens você poderia dar o ar de sua graça.  Saiba que é sempre bem-vindo.
 Além do mais, ainda há muitos lugares que não fomos para visitar,  muitas coisas para serem descobertas e analisadas. A Itália, apesar de não ter grandes dimensões, é um país muito heterogêneo, tanto no aspecto natural, quanto no cultural, e seria um local propício para a desenvoltura de seus pensamentos. Bom, o convite está dado, agora, fica ao seu critério.
 Fico nostálgico ao imaginar que não terei mais tardes de observação ou noites de discussões a respeito dos meus costumes e do que sempre tive como certo. O senhor, mais do que amigo, foi um grande mestre, que me ensinou a ver a vida com um novo par de óculos. Seus pensamentos, sempre desconfiados, me abriram os olhos para a minha ignorância e passividade diante do que me foi imposto. Portanto, por ter me livrado das rédias da alienação dogmática, só tenho a agradecer.
 Sem mais delongas, gostaria de perguntar, se não for muita ousadia, se o senhor se importaria de continuar trocando cartas comigo a respeito de seus estudos. A sua busca pela verdade e pelo método perfeito me interessa muito, e quem sabe, uma humilde reflexão de um leigo como eu possa acrescentar algo em sua investigação.
 E por fim, termino mostrando a grande admiração que tenho pela sua mente. Sua genialidade é singular, e caso o senhor opte por não manter contato com o inconveniente ser que sou, eu entenderei completamente.  Se cuide.
                                                                                                                               Atenciosamente,
                                                                                                                                Fabrízio

       P.S.: "Conserve os olhos fixos num ideal sublime, e lute sempre pelo que deseja, pois só os fracos desistem e só quem luta é digno de vida." A sua descoberta há de mudar o mundo, portanto, não desista.






Ana Clara Rocha Oliveira, Matutino
                       

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