Querido René,
Primeiramente, eu gostaria de me desculpar por não ter comparecido na sua despedida, como você sabe, mamãe adoeceu e, portanto, necessita de meus cuidados. Para reparar o desencontro, em uma de suas próximas viagens você poderia dar o ar de sua graça. Saiba que é sempre bem-vindo.
Além do mais, ainda há muitos lugares que não fomos para visitar, muitas coisas para serem descobertas e analisadas. A Itália, apesar de não ter grandes dimensões, é um país muito heterogêneo, tanto no aspecto natural, quanto no cultural, e seria um local propício para a desenvoltura de seus pensamentos. Bom, o convite está dado, agora, fica ao seu critério.
Fico nostálgico ao imaginar que não terei mais tardes de observação ou noites de discussões a respeito dos meus costumes e do que sempre tive como certo. O senhor, mais do que amigo, foi um grande mestre, que me ensinou a ver a vida com um novo par de óculos. Seus pensamentos, sempre desconfiados, me abriram os olhos para a minha ignorância e passividade diante do que me foi imposto. Portanto, por ter me livrado das rédias da alienação dogmática, só tenho a agradecer.
Sem mais delongas, gostaria de perguntar, se não for muita ousadia, se o senhor se importaria de continuar trocando cartas comigo a respeito de seus estudos. A sua busca pela verdade e pelo método perfeito me interessa muito, e quem sabe, uma humilde reflexão de um leigo como eu possa acrescentar algo em sua investigação.
E por fim, termino mostrando a grande admiração que tenho pela sua mente. Sua genialidade é singular, e caso o senhor opte por não manter contato com o inconveniente ser que sou, eu entenderei completamente. Se cuide.
Atenciosamente,
Fabrízio
P.S.: "Conserve os olhos fixos num ideal sublime, e lute sempre pelo que deseja, pois só os fracos desistem e só quem luta é digno de vida." A sua descoberta há de mudar o mundo, portanto, não desista.
Ana Clara Rocha Oliveira, Matutino
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