As mudanças no pensamento humano, enquanto coletividade, acontecem de modo lento e por vezes intermitente. As transformações do pensamento, da filosofia, dos paradigmas e do conhecimento em geral ocorrem de forma gradual ao longo de anos, décadas e até séculos por diferentes pessoas e eventos em diferentes localidades. Contudo, sempre existiram alguns pensadores que deram passos largos e acertados e forneceram as bases mais importantes dessas transformações. Um deles foi René Descartes, considerado por muitos o pai da filosofia moderna, que viveu de 1596 até 1650, e cuja obra foi uma grande contribuição para o desenvolvimento do atual modelo científico e do paradigma Antropocêntrico.
Durante muitos anos ele estudou as obras e o pensamento de seus antecessores, bem como a poesia e os costumes e opiniões de outros povos, mas não se sentiu satisfeito com os resultados e conhecimentos que encontrou. A sua ânsia de encontrar aquilo que é mais verdadeiro, não foi satisfeita nem pelos grandes nomes da filosofia, cujas opiniões eram muito distintas.
Descontente com os resultados de sua busca, ele decide empreender sua própria investigação. Tendo como base de sua empreitada a razão, ele inicia seu esforço por um conhecimento mais verdadeiro que poderia descifrar a natureza, suas leis e seus mistérios. Vai contra os tipos de conhecimento relevados, daqueles comuns na religião, na mitologia e no misticismo, cuja origem seriam fontes externas que os revelam `a humanidade.
Mesmo de romper com os paradigmas do conhecimento relevados, Descartes não rompre totalmente com a religião. Apesar de descartar os conhecimentos de fontes místicas, ele não rompe com a figura de Deus nem com algumas das máximas do cristianismo como a existência da alma. Pois ele acreditava que com o uso da razão poderia decifrar os mistérios da natureza, que por serem criações de divinas, são as obras de Criador, que seria a razão mais perfeita que poderia existir.
Apesar de seu rompimento incompleto, Descartes foi um dos inauguradores da laicização do conhecimento. Mesmo mantendo o divino como modelo e fim do conhecimento, ele elimina o pensamento religioso de seu método e nos dá as bases do que chamamos de modernidade.
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