Ao contrário do que pensam muitas pessoas, a ciência e a fé não precisam andar entre abismos. Observando minuciosamente o discurso do método de Descartes, percebe-se que fazer ciência é levar a fé às últimas consequências, de modo que se possa encontrar um firmamento diante do mundo, e assim conseguir domá-lo.
Portanto, ao desconsiderar a certeza da existência de tudo o que é concreto, temendo-se confundir com a ilusão abstrata, Descartes fez duas de suas maiores contribuições, tanto científicas como teológicas. A existência de um homem e de um ser supremo. Uma se torna dependente da outra, e o ateísmo científico é deposto. A prova da existência humana seria consequência de sua dependência ao ato de pensar. Porém, pelo fato do homem ser falho, seria necessário um ser pensante perfeito que conduzisse sua natureza.
É interessante que o comodismo intelectual nunca se tornou parte da natureza humana de Descartes. Ele sempre esteve em débito com a humanidade, querendo descobrir suas verdades mais profundas. Viajou, conviveu com pessoas diversas, conheceu tudo aquilo que concordava, e até aquilo que não lhe parecia correto. Procurou sempre ser crítico em relação ao que experimentava, e refleti-la de modo que desvendasse os enigmas existenciais. Ele não existiu apenas por que pensava, mas porque viveu sua vida de modo que encontrasse seu significado.
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