Na constituição da história moderna, principalmente no que
se refere à ciência, Descartes foi sem dúvida um dos pensadores que mais
influenciou as produções científicas. Elaborador
do método científico moderno, ou simplesmente, método cartesiano, Descartes
propõem construir uma filosofia contra os misticismos. Para tal faina, o
filósofo francês se propõem a desprender de sua moral e valores, adquirindo uma
moral temporária que daria suporte ao seu projeto filosófico.
Na história oficial e nas derivações filosófico-científicas
da humanidade, Descartes foi o pensador que inspirou todo o projeto teórico do
Estado Moderno e da burguesia, produzindo uma sociedade racionalizada e a
fragmentação do conhecimento. A
Neste contexto a visão holística, ou sistêmica, foi delegada
para campos do estudo sub-valorizados, nos quais projeções filosóficas como a
de Espinosa foram praticamente levadas ao ostracismo.
Assim como o filósofo holandês, outros autores, inclusive
contemporâneos, criticam o cerne da constituição do pensamento moderno. Para o
professor da Universidade de Barcelona Jorge Larrosa Bondía o ensino e o
cultivo do conhecimento pasteurizado e baseado unicamente em projeções cartesianas não representam quaisquer avanços no campo do
conhecimento e sim a perda das experiências humanas.
Para o autor o método cartesiano resultou na proclamação
excessiva de informações e tais informações não necessariamente significam a
base de um conhecimento consolidado. “A cada dia se passam muitas coisas
[contatos com infomações], porém, ao mesmo tempo quase nada nos acontece”. Seja
pelo viés geométrico espinosano ou por uma crítica das experiências, a teoria cartesiana
é passível de contribuições e questionamentos, e não devemos considerá-la como
um dogma científico como muitas vezes acontece na sociedade contemporânea.
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