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segunda-feira, 19 de março de 2012

A Dualidade Do Progresso


Analisando algumas partes do “Discurso do Método”, de René Descartes, nos depararemos com determinadas concepções do autor tais como a de que o verdadeiro conhecimento deve ter alguma utilidade para o homem e, assim sendo, o homem estaria caminhando em direção do bem.

Nesse sentido, sabemos que a busca pela razão e por respostas de perguntas feitas pela humanidade realmente ocasionou um progresso em várias áreas do conhecimento, sobretudo nos séculos XIX e XX. No entanto, não há como afirmar que todo o conhecimento produzido nesse período tenha sido usado para o bem do homem. Por exemplo, se pensarmos no desenvolvimento que a indústria bélica teve, perceberemos que, paradoxalmente, tal desenvolvimento garantiu a opressão e consequente estagnação de alguns povos e a destruição de outros tantos.

Outro aspecto interessante do pensamento de Descartes é com relação à maneira que este buscava a verdade absoluta, ou seja, rejeitando tudo aquilo que lhe permitisse ter qualquer tipo de dúvida. Certamente tal metodologia impulsionou o racionalismo na Europa e no mundo, bem como aguçou o espírito crítico das próximas gerações, que deram continuidade ao pensamento racionalista e empírico. O resultado das novas descobertas e criações feitas naquela época pode ser percebido até os dias de hoje, já que, com o aprimoramento do conhecimento obtido, novas tecnologias foram desenvolvidas. Se pensarmos na criação do computador e na revolução que este gerou, perceberemos que um grande avanço foi obtido, pois a vida do homem foi, de certo modo, facilitada por tal instrumento. Por outro lado, o homem tornou-se, além de, muitas vezes, dependente do computador, cada vez menos crítico com relação a tudo o que se passa ao seu redor e menos reflexivo com relação à enorme quantidade de informações que tem ao seu dispor em apenas alguns segundos, diante de um “clique”. Com isso, notamos, de maneira geral, uma sociedade que, apesar de conhecer os diversos problemas que o mundo enfrenta, fecha os olhos para os mesmos.

O que é válido ressaltar da leitura dessa obra e das reflexões feitas sobre esta é que, mesmo que o homem produza um conhecimento que seja útil para ele, não significa que, desse modo, estará na direção certa; pelo contrário, algumas vezes, o progresso feito de um lado traz o regresso do outro, como já exemplificado anteriormente. Sendo assim, o progresso do homem não pode ser garantido apenas através da busca pela razão, mas também pelo aprimoramento do bom senso – também discutido por Descartes – de cada um, que garantiria o respeito entre os homens, com todas as suas diversidades e, consequentemente, o distinguiria, de fato, dos outros animais.

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