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domingo, 29 de abril de 2012


Inerentemente metafísico

Há uma correlação inegável entre um fenômeno social e uma ideologia de base que o sustente. Assim sendo, o positivismo seria a corrente que apoiou a evolução do progresso industrial e científico em seu apogeu. Apartando de si a metafísica e a teologia Comte propõe uma forma empírica de conhecimento e de comportamento.
Para Comte o estado positivo da sociedade seria aquele onde o que importa não é o porquê dos fatos, mas sim o seu desenrolar, o fato em si, o como esse fato afeta na ordem das coisas e estabelece leis físicas e humanas.
A dimensão moral no positivismo difere totalmente da moral religiosa vivenciada no período histórico anterior. Comte preocupa-se com o equilíbrio da pessoa humana, equilíbrio segundo ele que só seria atingido se o homem vivesse bem com seus semelhantes (altruísmo) e tivesse uma harmonia pessoal através do cultivo da mente (ideias).
Percebe-se na teoria positivista um certo utilitarismo na visão dos fenômenos. Ao preocupar-se somente pelo resultado, pelo pragmático, esquecendo o porquê, a razão de ser das coisas, Comte descarta um aspecto inexorável dos entes materiais. Instrumentaliza-se a vida, os aspectos individuais e subjetivos da existência humana.
 É contraditório, porque é nossa racionalidade, e tão somente ela, o elemento que leva o ser humano a ter um questionamento metafísico da realidade. Somos os únicos seres com necessidade de transcender, de entender os motivos, e de buscar avanços através de nossos questionamentos. Seguindo essa linha de raciocínio seria inerente e inclusive uma responsabilidade da humanidade ir sempre mais além daquilo que é pragmático.
Esse pragmatismo instrumentaliza a sociedade, nos converte em uma massa inerte que vale pelo que faz e não por aquilo que é. Isso está impregnado na nossa cultura em seus mais variados âmbitos. Quando estamos falando da humanidade jamais podemos nos esquecer que há uma dimensão muito mais profunda, que toca o santuário sagrado de sua individualidade e dignidade. Não somos simples entes materiais, possuímos um grau de ser superior que imputa ao ser humano um questionamento metafísico e racional da realidade.

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