A filosofia positiva tem a ideia de “ordem e progresso” como
um de seus pontos centrais. E dentro da filosofia de Comte essa ideia transmite
que na natureza e na sociedade existem aspectos os quais devem ser preservados,
como aquilo de orgânico e de necessário á sociedade (ordem), e outros que devem
modificar-se, representando a evolução do espírito humano (progresso). No
entanto esse conceito positivista não foi e não é sempre aplicado sob essa
óptica de interpretação, além de não permitir a mobilidade social.
As ditaduras militares
aplicaram – e aplicam - um positivismo deturpado á seus regimes, onde a manutenção
da “ordem” justifica qualquer medida adotada. Mas torturas, paredões de
fuzilamento, assassinatos, exílios e controles cultural e ideológico agravam as
patologias sociais e são formas de resolução de problemas sociais não condizentes
com a filosofia comteana. Esta acredita que é função do Estado curar as
patologias sociais através de medidas que conscientizem a sociedade da
importância das partes para o todo como, por exemplo, com a reforma da
educação.
Dessa forma, Comte defende
a evolução do espírito humano através
da conquista da consciência. Os homens deveriam ser ensinados para sua
conscientização e não ludibriados, manipulados ou persuadidos. Afinal, uma vez
que a consciência é atingida, em qualquer que seja a postura desejada, a
mudança ocorre de forma efetiva no comportamento humano. “Ordem e Progresso” só
serão realmente alcançados pelos indivíduos quando essa fórmula deixar de ser
buscada sob o pretexto do poder. Nas palavras de Antoine de Saint-Exupéry, em Cidadela: “A ordem é o sinal e não a causa da existência. Da mesma maneira que o
plano do poema é sinal de que ele está acabado e marca da sua perfeição.(...)Não
tropeces na tua linguagem. Se impuseres a vida, fundarás a ordem; se impuseres
a ordem, imporás a morte. A ordem pela ordem é caricatura da vida”.
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