A presente analise da necessidade dos movimentos sociais sob a ótica da autora Sara Araújo evidencia o pensar crítico do direito em relação ao direito institucionalmente constituído, evocando considerações essenciais sobre o sul das relações capitalistas e sociais, não se referindo ao sul geográfico, mas ao sul do campo da ideias, do não hegemônico, da necessidade de se ultrapassar a linha abissal do pensamento entre a referência do que seria norte e sul, que é um abismo que não se consegue vencer, visando a descentralização do branco como centro, da cultura produzida para um grupo, do não binarismo, fala sobre o que não se considera, se debate os temas que convencionalmente não se debate, mas onde se quer chagar com tais debates e transposições de abismos.
Tenta-se
chegar a conscientização social, em mostrar uma interpretação do mundo onde o
sujeito passa a ter noção de seus direitos, de mostrar ao sujeito o local onde
ele se encontra nesse campo de sul e norte, de forma racional, mostrar a ele
quais são suas demandas, quais são seus direitos, ajuda-lo a encontrar seu
caminho e de maneira clara quais são suas lutas e como elas devem ser combatidas,
é adentrar e mostrar o espaço dos possíveis para si e para estabelecer e
pacificar direitos que serão estabelecidos e continuados em gerações futuras,
pois a necessidade de se estabelecer esses espaços e conquistas no campo jurídicos
é real e se não existe essa luta e fixação desses direitos de forma positivada
eles simplesmente não irão existir de fato, será apenas uma forma abstrata e
insignificante de senso comum que nada teria de útil e pratico ao cidadão
minoria.
Esse
local a que a autora nomeia sul, quando se expressa soa dor aos ouvidos do
norte, abalada juridicamente o ordenamento fixado e positivado, pois mostra os
erros que existem, que na verdade não se tratam de erros, pois foram positivados de maneira intencional e a voz do
sul vem confrontar e tornar público a esses grupos não convencionais que esse positivamento
fora criado para deixa-los a margem da sociedade de todas as formas e mostra
que essa discriminação é errada e que todos esses grupos tem seus direitos e
que devem lutar para fixa-los e vai além, pois mostra o caminho a ser trilhado
através dos movimentos sociais.
O
movimento que as falas do sul trazem estimulam a mudança necessária, mas de uma
maneira em que também depende do indivíduo fazer parte dessa luta, dessa
pressão constante, pois hoje essa luta é reflexo de lutas anteriores e tem suas
bases históricas desde quando se classificava a evolução das pessoas conforme o
padrão da Europa, que abriu caminhos para a escravidão, para o racismo
estrutural, e note que a luta é realmente importante, nessa linha de luta do
sul das ideias, e principalmente por causa do contramovimento do norte, não se
pode baixar a guarda, pois o período em que as pessoas foram classificados como
subdesenvolvidos até a escravização desses mesmos povos e países foi
relativamente curtos e até hoje não foram restabelecidos os direitos que foram
tirados naquela época, então baixar a guarda dessa luta é muito perigoso, pois
não quer dizer que o retrocesso levara o mesmo tempo das conquistas, pois o
campo jurídico não está apartado da realidade social.
A
autora mostra de maneira brilhante com a ilustração do norte e sul e da linha
abissal para retratar a imposição que é feita as massas e seu levante político
através das demandas que abalam sismicamente o lado norte das ideias,
confrontando esses paradigmas e rompendo a linha abissal cada vez mais, e essa
investida legitima do sul não só conquista campo nas ações demandadas com temas
específicos, como também mostra a outros oprimidos que suas demandas podem ser
acolhidas, podem também romper a linha abissal e fomentar de dentro das
instituições que controlam o poder a mudança no comportamento social,
melhorando assim a vida de muitos, pois direitos conquistados não só abrem
brechas jurídicas para novas demandas como também gera a antecipação da
desistência do contramovimento do norte em causas, em pontos de vista que eles
não podem mais defender.
Interessante
o ponto de vista da autora que mostra que assim como em um ordenamento jurídico
toda norma nova não pode destonar do sistema normativo vigente, no campo das
lutas, as demandas sociais tem relação entre si mesmo que a princípio os temas
pareçam não ter relação, e nesse viés esses movimentos quando somados formam
grupos de pressão deixando os tribunais em uma grande saia justa, pois embora
tenham sido criados para a manutenção dos direitos da elites, esses tribunais
tem em sua fachada que pertence ao povo e quando a pressão desses grupos é
muito forte eles não tem como não ceder esses direitos ao povo.
Muitos
temas ainda são nada dentro dos tribunais, nos ambientes do sul, são pautas que
ainda estão silenciosas e essas pautas precisam de voz para que cheguem de
maneira incomoda ao norte, pois se essa voz chega de modo sutil ela não gera
desconforto aos ouvidos nortistas, pois o mesmo tem ciência das demandas e
muitas vezes até as cita de maneira pífia, mas para se estabelecer direitos e
fixar posição no solo nortista e romper a linha abissal é necessário o
agrupamento das minorias, a união das pautas até onde for possível e gerar
pressão para que as mudanças se operem.
NOME: ANTONIO JAIR DE SOUSA JUNIOR
TURMA: XXXVIII MATUTINO
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