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segunda-feira, 9 de março de 2020

Entre Descartes e Bacon: além da filosofia

Rene Descartes e Francis Bacon defenderam respectivamente o racionalismo e o empirismo em suas teorias. Durante algum tempo, essas correntes que aparentavam ser diametralmente opostas e independentes, mantiveram uma espécie de disputa, não pela verdade, mas pelo domínio do meio científico, na qual apenas uma poderia carregar uma maior porção de razão. Porém, tinham mais pontos de contato do que a independência permitiria.
Em Novum Organum, Bacon reconhece a co-existência de ambas as correntes, ao mesmo tempo que coloca a interpretação da natureza no centro de sua discussão, discorre sobre a necessidade de escoras para o intelecto. Já Descartes em Discurso do Método, traz relatos de suas viagens por outros países como forma de obtenção de experiências, que embora o autor diga que não foram tão enriquecedoras quanto seus estudos próprios e de seus livros, contribuíram a construir uma visão de outras culturas e reflexões próprias.
Essa relação presente em cada um dos textos mostra que há nos autores uma construção do pensamento a partir de ambos os princípios filosóficos, indicando que as proposições hegemônicas que eles estabelecem não são práticas, como estabeleceu Kant posteriormente. Isso me leva a crer que tanto o inglês Bacon quanto o francês Descartes, ao reforçar o estigma de que só poderia haver uma filosofia correta, na verdade estavam articulando uma representação política de seus países através dos textos.
Inglaterra e França, apresentaram ao longo dos séculos disputas comerciais, territoriais e, também, esta filosófica. Os anos que suscederam esse embate do pensamento deixam claro o perfil de cada nação. A Inglaterra com as Revoluções Puritana e Gloriosa ainda no século XVII e seu protagonismo industrial com a evidencia maior do pragmatismo e do papel da experiência e da ação, em contraste com a França da Revolução Francesa, fruto das teorias políticas e do advento do Iluminismo com grande força em seu território.
Assim, acredito que a revolução apresentada em Crítica à Razão Pura não poderia ter vindo de nenhum desses países, não por falta de evidências, mas sim pelo contexto da rivalidade e de constraste que supera a filosofia.

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