Cegueira Branca: Um excesso de
ídolos
Hoje vivemos na sociedade dos
excessos. Francis Bacon (1561-1626) ao discorrer sobre os métodos do
conhecimento em sua obra “Novum Organum”, trata não só dos
meios para adquiri-lo, mas também os empecilhos para que essa
finalidade seja alcançada, obstáculos os quais são denominados
pelo próprio autor como “ídolos”.
Apesar da grande gama de informações
a que se tem acesso e com a intensa integração global nos dias
atuais, a primeira impressão é que os métodos para se chegar ao
conhecimento são tão múltiplos que podem ser facilmente
alcançados. Entretanto, o efeito prático visto na sociedade é
justamente o oposto. O ídolo do foro tem
seus efeitos ampliados, pois em um dia, pode-se entrar em contato com
milhões de pessoas. Assim também ocorre com a obtenção do
conhecimento, reforçando os
ideais dos ídolos do teatro
e também da tribo,
que estão relacionados com a falibilidade do intelecto humano e com
as doutrinas diversas
que atualmente podem ser facilmente acessadas.
Portanto,
em vez da lucidez prevista pela variedade do acesso à informação,
tem-se como produto uma cegueira branca, tal como a descrita metaforicamente por José
Saramago (1922-2010) na obra “Ensaio sobre a cegueira”, que não se dá pela
falta do conhecimento, mas pelo excesso dele.
Contudo, a solução proposta por Bacon continua sendo válida, apesar
de mais complicada. A compreensão deve transcender os contatos
superficiais com a informação e chegar a um entendimento mais
profundo através da detecção desses ídolos em excesso e a escolha
por abandoná-los e seguir a luz pura e lúcida do conhecimento
verdadeiro.
Pedro Américo Andrade de Almeida
Direito - Noturno
1°Semestre - UNESP
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