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segunda-feira, 9 de março de 2020

A ciência em combate ao ceticismo

A busca pela verdade sempre foi capaz de guiar a sociedade perante a criação de métodos para o desenvolvimento social. No século XVII, dois autores estavam buscando formas de alcançar a verdade e clareza acerca do mundo. Enquanto Francis Bacon, filósofo empirista, falava em sua obra "Novum Organum" sobre acreditar que o ponto crucial era utilizar da experiência e da observação do mundo, sem permitir que crenças religiosas ou autoridades influenciassem na capacidade de pensar, René Descartes, em "Discurso do Método", afirmava ser a favor da razão, baseando-se na premissa “penso, logo existo”, e a favor da dúvida, formando uma conclusão apenas depois de aplicar o método em que analisava a partir das pequenas partes a fim de compreender o todo.

De fato, durante muito tempo a sociedade evoluiu com a ciência ao adquirir cada vez mais conhecimento, inovações e ser capaz de entender aspectos do mundo em que vivemos a fim de tornar a experiência na Terra algo mais seguro e responsável. Entretanto, no século XXI, estamos caminhando em um momento regido pelo obscurantismo e pelo ceticismo, onde as pessoas se posicionam contrárias à ciência já comprovada e são incapazes de diferenciar fatos de meras opiniões, ou pior, acabam por acreditar em dados sem buscar sua veracidade, ou em falas irracionais de figuras ilegítimas para tal assunto.

Essa questão pode ser justificada pela linha de pensamento de Francis Bacon, que afirmava a existência de “ídolos” em meio à sociedade. E tais ídolos eram caracterizados como preconceitos e bloqueios mentais que podiam ser divididos de quatro maneiras diferentes: os ídolos da caverna, determinados como limitações intelectuais, de educação, experiências e sentimentos que modificavam a forma de pensar de certa pessoa; os ídolos do foro, resultantes do significado atribuído a palavras e da maneira que estas são utilizadas, pois são capazes, dessa forma, de influenciar no conhecimento; os ídolos da tribo, são parte da natureza humana, inseridos em meio as tribos, fazendo crer que o sentido dos homens é a medida para tudo na sociedade, quando na verdade, o mesmo pode ser distorcido a qualquer momento; e por ultimo, os ídolos do teatro, que resultam de crenças cegas, impondo uma visão como implicitamente certa.

Dessa forma, suposições como o terraplanismo, baseadas em teorias conspiratórias, que refutam um estudo científico descrito e estudado por anos, ou mesmo movimentos antivacina, que tiveram seu início a partir do discurso de um médico que associava a vacina tríplice viral ao desenvolvimento de traços de autismo, mas que, na verdade, estava envolvido com advogados interessados em lucrar com processos contra empresas de vacina e utilizou de suas palavras e posição de autoridade para enganar o povo, são capazes de desestabilizar a sociedade e implantar uma quebra na evolução junto à ciência, que precisa, mais uma vez, esforçar-se para ser capaz de se reafirmar diante do mundo e conduzir as pessoas de volta ao caminho da experimentação e da busca por uma verdade racional e lógica.




Amanda Pereira Ramos - 1º ano - Direito (matutino)

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