As
primeiras civilizações procuravam explicar os fenômenos naturais por meio de
suas religiões politeístas, em que era atribuído aos deuses o papel de agentes responsáveis
pelos eventos. Posteriormente, foram criadas as religiões monoteístas, nas
quais existia apenas um agente responsável pelos eventos, apenas um deus que
criou o universo e o controlava. Percebe-se então que, desde os primórdios, o
homem tenta buscar o fundamento das coisas que o permeia a fim de entender o
mundo, e o faz de diversas formas.
A
existência de um método científico que guiasse o homem nessa jornada pelo
conhecimento fez-se necessária, pois muita desinformação era, e ainda é,
disseminada. Um exemplo não muito antigo disso é o caso do ex-médico britânico
Andrew Wakefield que publicou, em 1998, um artigo em uma conceituada revista
científica, The Lancet, associando a vacina tríplice viral como sendo causadora
de autismo. Apesar da revista ter se retratado posteriormente, explicando que
Andrew tinha forjado os resultados para benefício próprio, esse rumor
contribuiu para o início de movimentos antivacina que acontecem atualmente.
Movimentos esses que não tem nenhuma comprovação científica como base para sua
existência e causam uma crise na saúde pública.
Na
busca de uma padronização do conhecimento científico diversos métodos foram
criados. René Descartes, um importante filósofo, relata em sua obra “O Discurso
do Método” suas experiências de vida que o levaram a criar um método científico
e estabelece quatro resoluções que devem ser seguidas para desempenhá-lo: afastar-se
do senso comum e fundamentar-se com base em evidências, analisar cada parte de
um todo minuciosamente, sintetizar o conhecimento elencando do mais simples ao
mais complexo e, por último, revisar os conhecimentos enumerados com o intuito
de não omitir nada. Esse método, conhecido como método cartesiano, baseia-se na
racionalidade.
Diferentemente
de Descartes, o filósofo Francis Bacon institui em sua obra “Novum Organum” que
o indivíduo não deve guiar-se apenas pela razão, mas sim pelas suas
experiências e observações. No método empirista de Bacon as conclusões são
tiradas pela indução, ou seja, o indivíduo deve pensar no que ele observa para
criar um conceito geral. Para alcançar esse método, a mente deve ser limpa de
falsas concepções pré-estabelecidas, os chamados ídolos, que se dividem em
quatro tipos: ídolos da caverna, da tribo, do foro e do teatro.
Os
ídolos da caverna representam as crenças e a personalidade de cada ser humano
que influenciam a sua relação com o externo. Já os ídolos da tribo são aqueles
que fazem os seres humanos acreditarem que as coisas são como eles enxergam e
interpretarem de acordo com os seu sentidos. Os do foro dizem respeito as relações
sociais e como elas afetam uma pessoa. E, por último, os do teatro referem-se aos
indivíduos que persuadem outros por meio do seu discurso, que por vezes é cheio
de informações errôneas. Apenas livrando-se desses ídolos uma pessoa pode
deixar sua mente aberta para a ciência.
As obras
de Descartes e de Bacon, que apesar de datarem do século XVII, mostram-se presentes
atualmente, utilizam dois métodos diferentes, racionalismo e empirismo, porém
ambas buscam ensinar o leitor a ser questionador e analisar as informações que
lhes são trazidas. Caso as pessoas que compõem o movimento antivacina seguissem
um método científico, elas sairiam de sua ignorância e tentariam entender de
forma correta os princípios que tão veementemente acreditam, ação que
ocasionaria o fim desses movimentos e da crise na saúde que eles trazem. A
busca é pela verdade, esteja ela de acordo com as crenças da pessoa que a busca
ou não.
Bianca Vipiéski Araújo - Direito Matutino - 1º Ano.
Fontes: Revista Galileu, "Movimento antivacina: como combater essa onda que ameaça sua saúde?".
Aventuras na História Uol, "Andrew Wakefield e a fake news das vacinas- que ainda é a propaganda".
Nenhum comentário:
Postar um comentário