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segunda-feira, 14 de maio de 2018


Balança pensa e venda levantada
Um grito. Um cassetete. Uma bala. Assim começava a operação em Pinheirinhos. Uma imensa área que já fora desabrigada um dia, mas que, naquele momento, fazia seu papel social: dava moradia a aproximadamente 6 mil pessoas. Após um vai e vem de decisões, a “justiça” decidiu a favor de reintegração de posse da área, pela empresa Selecta.
Weber acredita em um direito objetivo, que deve construir um sistema sem lacunas. Mas, onde está a objetividade nessa situação? Como pode haver tamanha falta de respeito à constituição e àquelas pessoas que ali viviam? O direito não é objetivo. Infelizmente. Analisando o caso, percebe-se muitas discrepâncias em relação à norma. Como, por exemplo: a função social que a propriedade deve cumprir ou o direito à moradia, ou, até mesmo, o direito à dignidade (que obviamente não foi levado em consideração naquele momento).
            Que dignidade pode haver nesse caso? Uma verdadeira falta de empatia. Mas uma explicação social do porquê disso ter acontecido é a falta de representatividade que essas famílias humildes tem e a maneira como são vistas por grande parte da sociedade: “um bando de pobre, invejoso, sem teto, vagabundo e ladrão”. Uma visão um tanto quanto perturbadora e nada justa.
Como pode a justiça ser tão injusta? A balança estava pensa para um dos lados (está claro qual) e a venda nos olhos, que representa a imparcialidade, devia estar um pouco levantada, acredito eu. O desfecho dessa história foi, obviamente, uma demonstração de poder e não de justiça, pois a reintegração de posse foi simplesmente imposta, atropelando diversos princípios morais e direitos humanos. Podemos chamar de poder pois, para Weber, poder é toda probabilidade de impor a própria vontade, mesmo contra resistência. No caso, a vontade era a área ocupada e a resistência, 6 mil pessoas.


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