Balança
pensa e venda levantada
Um
grito. Um cassetete. Uma bala. Assim começava a operação em Pinheirinhos. Uma
imensa área que já fora desabrigada um dia, mas que, naquele momento, fazia seu
papel social: dava moradia a aproximadamente 6 mil pessoas. Após um vai e vem
de decisões, a “justiça” decidiu a favor de reintegração de posse da área, pela
empresa Selecta.
Weber
acredita em um direito objetivo, que deve construir um sistema sem lacunas.
Mas, onde está a objetividade nessa situação? Como pode haver tamanha falta de
respeito à constituição e àquelas pessoas que ali viviam? O direito não é
objetivo. Infelizmente. Analisando o caso, percebe-se muitas discrepâncias em
relação à norma. Como, por exemplo: a função social que a propriedade deve
cumprir ou o direito à moradia, ou, até mesmo, o direito à dignidade (que
obviamente não foi levado em consideração naquele momento).
Que dignidade pode haver nesse caso? Uma verdadeira falta
de empatia. Mas uma explicação social do porquê disso ter acontecido é a falta
de representatividade que essas famílias humildes tem e a maneira como são
vistas por grande parte da sociedade: “um bando de pobre, invejoso, sem teto,
vagabundo e ladrão”. Uma visão um tanto quanto perturbadora e nada justa.
Como
pode a justiça ser tão injusta? A balança estava pensa para um dos lados (está
claro qual) e a venda nos olhos, que representa a imparcialidade, devia estar
um pouco levantada, acredito eu. O desfecho dessa história foi, obviamente, uma
demonstração de poder e não de justiça, pois a reintegração de posse foi
simplesmente imposta, atropelando diversos princípios morais e direitos
humanos. Podemos chamar de poder pois, para Weber, poder é toda probabilidade
de impor a própria vontade, mesmo contra resistência. No caso, a vontade era a
área ocupada e a resistência, 6 mil pessoas.
Cainan Fessel Zanardo - Turma XXXV Noturno
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