EMOÇÃO
E RAZÃO NO CAMPO DA DOMINAÇÃO
Segundo
o sociólogo Alemão Max Weber (1864-1920) a função da sociologia era a de
compreender o sentido das ações sociais numa perspectiva indivíduo-sociedade,
diferentemente de seu contemporâneo, o sociólogo francês Emile Durkheim
(1858-1917) que norteava os seus estudos a partir dos fatos sociais que moldavam
coercitivamente as ações individuais a partir da sociedade. Além dos conceitos
e teorias acerca da ação social, outro ponto importante no estudo desenvolvido
por Weber trata da questão da dominação, que, segundo o autor, nada mais é do
que o uso do poder legitimado, ou seja, a imposição da própria vontade dentro
de uma relação social – mesmo com resistência por parte dos dominados –
usando-se do direito para conseguir usufruir de tal domínio.
Tivemos
num passado bem recente, na cidade de São José dos Campos, no estado de São
Paulo, um triste episódio que trouxe para a realidade concreta esta ideia de
dominação weberiana: uma disputa judicial, envolvendo uma área de mais de um milhão
de metros quadrados na zona sul da cidade (que estava desocupada a mais de
vinte e três anos), que colocou, de um lado, os moradores que ocuparam o
terreno, e do outro lado, o empresário Naji Roberto Nahas, dono da empresa Selecta
e proprietário do local, permitindo estar frente a frente dois direitos
fundamentais do nosso ordenamento jurídico: o direito de propriedade e o de
moradia.
O
modo como terminou o imbróglio judicial – com a vitória do empresário e a destruição
das casas dos trabalhadores sem-teto – nos faz pensar em outra expressão
mencionada por Max Weber em seus estudos mais tardios: o desencantamento do
mundo. O desencanto advindo da impossibilidade de haver um mundo pautado nos
afetos, na solidariedade ou nas emoções, tão inerentes a espécie humana, e na
convicção de que este mesmo mundo tende a estar sempre de olhos voltados para a
razão prática e pragmática, que vai ligar a racionalidade do direito ao alcance
de determinados fins que concorrem unanimemente na direção da vontade da classe
dominante.
Evandro Oliveira Silva – Noturno
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