Num átimo, em meio ao clima de tensão que
rondava a vida cotidiana, surge um lampejo de euforia. Tal como uma chama,
alastra-se rapidamente. Sai das casas, difunde-se nas ruas e toma o ânimo
geral. A nova ordem fora anunciada, apesar da falta de consciência popular a
respeito de seu real significado.
Apesar de todo o furor acima narrado, a
mudança promovida (em grande parte dos casos, com teor político) não passa de
uma contrarrevolução – falso movimento de cunho elitista que, aos moldes do
pensamento positivista defendido por Comte, objetiva apenas a manutenção do
ordenamento estabelecido, o que garante a permanência de um grupo seleto no
poder.
Tal fenômeno, por sua demasiada
recorrência na História brasileira (como a proclamação da República e os golpes
de 1930 e 1964) demonstra a fragilidade e a tenra idade da “democracia”
tupiniquim. As aspas utilizadas indicam a crítica aqui feita ao caráter
militarista (e por isso, brutalmente coercitivo) da ordem consolidada- algo que
conserva a posição de aceitação dos grupos socialmente marginalizados ao
tentarem – e não conseguirem- modificar sua histórica e cíclica subordinação à
desigualdade participativa.
A situação acima citada é claramente exemplificada pela aprovação do decreto número 9288 de 16 de fevereiro de 2018, o qual ratifica a intervenção federal, através das forças armadas, no estado do Rio de Janeiro. Um dos desdobramentos dessa ação é a criação de uma ficha de cada morador das comunidades periféricas, sendo o teor de tal documento similar à coleta feita na triagem dos criminosos que chegam aos centros de detenção. A partir de fatos como esse e da ausência de informações no decreto a respeito do alcance e da execução da intervenção acima mencionada, a ONU requereu, a fim de que não haja a violação dos direitos humanos, a criação de um observatório para essa missão, algo que demonstra o quão anti-democrática e, portanto, repressivamente exclusivista , é a ordem imposta a fim de levar ao desenvolvimento racional, exemplo puro da teoria positivista.
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