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domingo, 18 de março de 2018


Num átimo, em meio ao clima de tensão que rondava a vida cotidiana, surge um lampejo de euforia. Tal como uma chama, alastra-se rapidamente. Sai das casas, difunde-se nas ruas e toma o ânimo geral. A nova ordem fora anunciada, apesar da falta de consciência popular a respeito de seu real significado.

Apesar de todo o furor acima narrado, a mudança promovida (em grande parte dos casos, com teor político) não passa de uma contrarrevolução – falso movimento de cunho elitista que, aos moldes do pensamento positivista defendido por Comte, objetiva apenas a manutenção do ordenamento estabelecido, o que garante a permanência de um grupo seleto no poder.

Tal fenômeno, por sua demasiada recorrência na História brasileira (como a proclamação da República e os golpes de 1930 e 1964) demonstra a fragilidade e a tenra idade da “democracia” tupiniquim. As aspas utilizadas indicam a crítica aqui feita ao caráter militarista (e por isso, brutalmente coercitivo) da ordem consolidada- algo que conserva a posição de aceitação dos grupos socialmente marginalizados ao tentarem – e não conseguirem- modificar sua histórica e cíclica subordinação à desigualdade participativa.


A situação acima citada é claramente exemplificada pela aprovação do decreto número 9288 de 16 de fevereiro de 2018, o qual ratifica a intervenção federal, através das forças armadas, no estado do Rio de Janeiro. Um dos desdobramentos dessa ação é a criação de uma ficha de cada morador das comunidades periféricas, sendo o teor de tal documento similar à coleta feita na triagem dos criminosos que chegam aos centros de detenção. A partir de fatos como esse e da ausência de informações no decreto a respeito do alcance e da execução da intervenção acima mencionada, a ONU requereu, a fim de que não haja a violação dos direitos humanos, a criação de um observatório para essa missão, algo que demonstra o quão anti-democrática e, portanto, repressivamente exclusivista , é a ordem imposta a fim de levar ao desenvolvimento racional, exemplo puro da teoria positivista.

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