O grande medo de toda civilização é o
seu fim. Na teoria positivista de Augusto Comte a sociedade é sustentada por
leis imutáveis, chamadas de estáticas, entre elas estão instituições como o
Direito e a família, a qual foi a primeira organização social humana ainda no neolítico.
Desse modo, ameaçar essas instituições seria ameaçar a própria civilização de
acordo com Comte, uma vez que uma sociedade progride através da ordem mantida
por elas. Fato que, numa sociedade com sua república construída nas bases da
física social, como a brasileira, explica muitos preconceitos e
conservadorismos presentes ainda na atualidade.
Muitos políticos com esses ideais
ganharam uma grande visibilidade nos últimos anos, como por exemplo Jair Bolsonaro.
O qual defende que o Brasil sofre uma crise de valores, tanto no âmbito
econômico com a corrupção, quanto no âmbito social, com o crescimento dos
movimentos LGBT e feminista, por exemplo. A ideia dessa crise de valores vem
ganhando cada vez mais adeptos na sociedade brasileira, com alguns grupos indo
além e se manifestando a favor da volta da Ditadura Militar, a qual foi
implantada através do golpe de 1964 para conter uma revolução, a qual é
considerada um processo patológico na sociedade, ou seja, foi uma previdência
para que as leis estáticas não sofressem com a desordem provocada por
revolucionários, um exemplo da teoria positiva mais uma vez na história
brasileira, que causou o exílio, desaparecimento e assassinato de milhares de
cidadãos brasileiros.
Por isso, em momentos de mudanças
profundas numa sociedade governos militares e autoritários pautados no
conservadorismo positivista como os já citados, ganham força dentro de uma
população. Pois numa sociedade em desordem como a da atualidade, de acordo com
Comte, não há o progresso, espalhando, assim, o medo do caos. Uma vez que os
movimentos citados (feminista e LGBT), causam, de acordo com os adeptos da
crise de valores, uma ameaça a principal instituição imutável das sociedades: a
família patriarcal. Explicando assim, as grandes taxas de violência e
assassinatos dos grupos feminista e LGBT, além do retrocesso legislativo
causado por governos desse âmbito.
Assim, ao invés dessa ordem
conservadora levar ao progresso, está fazendo o contrário, gerando uma divisão
social na população, além da perca de vidas diárias devido ao ódio espalhado
por políticos aos integrantes desses movimentos, causando assim uma desordem
maior que Comte poderia imaginar.
Carolina Soares Ribeiro- Diurno
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