O pensamento
da história como algo linear em todas as civilizações advém da filosofia
positiva de Augusto Comte. Esta concepção define que cada sociedade passaria
pelos momentos: teológico, com suas percepções sobrenaturais da realidade;
metafísico, com acepções abstratas do mundo; e por fim, o positivo, tendo a
ciência como alicerce das observações. Sendo assim, o Positivismo de Comte
postula que a evolução do imaginário social faz-se inevitável.
Analisando
no contexto do direito, a lei do positivismo também pode ser vislumbrada. No
passado, os oráculos eram os responsáveis por interpretarem as vontades das
divindades e descobrirem qual era a punição para cada ato executado, abrindo
espaço para decisões completamente distintas. Porém, com o passar dos séculos,
o direito estabeleceu-se como ciência formando normas e preceitos que
estabeleciam um padrão em seus julgamentos. Assim, a lei tornou-se ímpar para
todos.
No entanto,
a dicotomia entre a sentença de Rafael Braga e a de Breno Borges revelam-se no
mínimo nebulosas acerca do cânone de igualdade. O primeiro, negro e morador de
rua acusado de estar ligado ao trafico de drogas por possuir 0,6 gramas de
maconha, e o segundo, um empresário filho do presidente do Tribunal Regional do
Mato Grosso do Sul preso por possuir 129 quilos da mesma droga. Porém, Braga
foi sentenciado a 11 anos e Borges conseguiu o direito de responder em
liberdade seu julgamento. Esta situação, na escala de Comte, aproxima-se muito
mais da postura teocrática em detrimento da positiva, visto que o desdobramento
de cada um dos casos, quando analisada no aspecto racional, faz-se extremamente
incoerente tendo a ciência como referencial. Braga foi privado do seu direito
de liberdade por ser pertencente à margem da sociedade enquanto o empresário,
fruto da classe média, continua sua vida com consequências bem
mais brandas.
No fim, a
situação hodierna mostra-se complexa. Enquanto o sociólogo francês a definiria
como “Positiva”, suas micro-relações revelam-se quase místicas, tendo como
divindade que permeia as decisões o preconceito racial e o poder econômico.
Matheus Faria de Souza Paiva - Turma XXXV (matutino)
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