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domingo, 18 de março de 2018

O positivismo enquanto ferramenta da desigualdade


Auguste Comte foi um filosofo francês do século XIX, que influenciou fortemente as ciências humanas e a política, ele iniciou um novo campo de estudo das ciências humanas, a sociologia. Comte será o primeiro pensador a estudar a sociedade de maneira cientifica. Um dos conceitos fundamentais do positivismos, cunhado pelo próprio e presente na bandeira (ordem e progresso), é que para haver progresso deve haver ordem, ou seja, para que haja o desenvolvimento da sociedade deve haver o controle dela.

Podemos dizer que foi graças ao positivismo que a República Brasileira foi proclamada, as ideias positivistas começaram a se difundir principalmente nas forças armadas brasileiras, após a guerra do Paraguai. Foi nesse contexto de instabilidade, de crise social, com movimentos abolicionistas, crise economia por causa da guerra, crise politica entre os apoiadores monarquia e seus opositores, foi neste contexto de desordem, que o positivismo floresceu. Foi assim que os militares estabeleceram a ordem, com a proclamação (ou golpe) da República.
O positivismo, enquanto corrente sociológica, estuda as relações humanas e os fenômenos sócias, ele estuda os aspectos que mantém e que mudam a sociedade, aquilo que se define como estática social é ela que mantém a ordem e a coesão da sociedade. Portanto para o positivismo as mudanças sociais até podem ocorrem, mas as instituições devem continuar as mesmas, para que haja ordem.
Em suma, o positivismo defende que o Estado, enquanto organização deve impor uma estrutura de ordem para planejar a sociedade, para que assim ocorra o progresso. Esse conceito pode ser perigoso, já que delega que o Estado, através da força, decida quais rumos a sociedade deve tomar a participação popular não faz parte do plano social no positivismo.
No Brasil essas ideias são bem perceptíveis, quem proclamou a república foram os militares, onde só quem poderia participar eram homens alfabetizados e proprietários de terras, ou seja, o grosso da população brasileira continuava vivendo a margem da república; os escravos que tinham acabados de ser alforriados, não foram se quer cogitado a serem inseridos na sociedade, pelo contrário tiveram suas expressões culturais, como o samba, a capoeira, a umbanda, o candomblé, etc, proibidos; os camponeses foram obrigados a se sujeitarem aos latifundiários e aos coronéis, graças à política do café com leite, etc.
Todos esses problemas sociais, entre outros, eram mantidos graças à ordem, que era a policia, o exercito, a elite econômica. Ou seja, o positivismo defende a manutenção dos status quo através da violência e a desigualdade. Essas ideias vigoraram por muito tempo na sociedade brasileira, na república do café com leite, na era Vargas, na ditadura militar, etc. Essa situação só foi começara a mudar por causa das manifestações populares, pela luta contra as instituições da ordem. Foram as lutas sócias brasileiras, e não a ordem, que levou o progresso, seja a CLT que anarquistas e sindicalistas lutaram, o direito a terra que camponeses e índios lutaram, leis contra o racismo e a violência doméstica, que negros e mulheres lutam, etc. O positivismo pode ser uma ótima ferramenta para estudar a sociedade, porém pode ser uma ótima ideologia para ditaduras.

Yannick Noah Ferreira Silverio - Turma XXXV(Matutino)

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