Transformação do mundo Terra-homem para mundo Terra-planeta
Há certas
coisas que me intrigam desde que era criança, uma delas seria a exploração da
natureza, eu via carros, prédios, fábricas, tudo era concreto, aquele cinza que
até me dava náuseas, e então pensava, Onde estão as árvores, o verde, o
selvagem, o não industrializado, o realmente natural? A única coisa que restou
foram resquícios de uma floresta, de um habitat, de toda uma vida, relações
naturais, ou seja, toda a interação, relação, vida-vida. Vida de todos os
animais, vida do conjunto em si, conjunto formado por todos os seres vivos,
incluindo os homens. Depois comecei a criar certas hipóteses, e se não houvesse
o homem, creio que o mundo seria muito mais ele mesmo, sim, o mundo seria
mundo, a Terra seria mais Terra. Estranha essa suposição... Nós consideramos a
Terra como planeta em que vivemos, o nosso mundo, e por isso ela deixa de ser
Terra-planeta e passa a ser Terra-homem, ela é vista apenas como o lugar em que
estamos “fadados”(pelo menos por enquanto) a viver e como um meio para a
produção de bens materiais.
Pois bem,
temos a definição da Terra-homem: um planeta em que temos que viver,
produzindo, comprando, sem que haja qualquer equilíbrio em transformar sua
matéria-prima, seu ser, em produtos.
Essa é a
questão colocada pelo filme “Ponto de mutação”, de Bernt Capra, até quando a
visão de mundo vai continuar seguindo essa trajetória de pura racionalidade, e
é colocada em questão a visão de Bacon e Descartes, que afirma que devemos
conhecer a natureza para poder domina-la, é a busca de uma ciência útil na luta
contra a natureza, e essa natureza é vista como diferentes partes e não como um
todo, não em relações vida-vida, natureza-homem, o homem faz parte dessa
natureza, mas de forma separada, como se fosse até mesmo superior, afinal
vivemos no planeta Terra-homem. O filme traz a ideia de que deveríamos evoluir
tecnologicamente sob outros paradigmas, encontrando-se ai o ponto de mutação,
ruptura, deveríamos pensar sob outros aspectos, outras perspectivas. Há o
questionamento da ciência moderna, até onde vai essa capacidade de resolver
todos os problemas humanos? E realmente temos tantos problemas que precisam de
inovação tecnológica? O problema da fome, da miséria, para ser resolvido não
precisaria de tanta tecnologia, trata-se de um problema que atravessa séculos,
e continua ai, lado a lado com a tecnologia.
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