Críticos não só do Estado liberal, mas também do socialismo utópico e do anarquismo, Marx e Engels desenvolvem o socialismo cientifico. De fato, eles desprezavam os outros. Achavam que eram baseados em meros sonhos utópicos, ao passo que ele empreenderam um estudo científico da sociedade para descobrir que forças estavam realmente em ação dentro dela, e que leis governavam a operação dessas forças, e então basearam suas doutrinas políticas nessas realidades. O socialismo foi tido como inevitável, e isso significava que os socialistas estavam, por assim dizer, do lado do futuro.
Saint-Simon, Fourier e Proudhon viveram numa época em que ainda não era insensato pensar que o progresso material poderia constituir o reino da felicidade na Terra. O desenvolvimento da ciência e da técnica levava a pensar que o inicio do século XIX também indicava o inicio de uma era de prosperidade, graças ao triunfo do homem e da maquina sobre todas as coisas. Essa crença, porém, desenvolveu-se em um cenário no qual a miséria e a opressão predominavam em largas faixas da população, precisamente em virtude do advento do progresso técnico e industrial. Modificando radicalmente as condições de trabalho, esse processo impunha a pobreza e a degradação como a contrapartida dos benefícios do progresso.
O trabalhador, ao trocar-se por um salário, torna-se mercadoria. Há uma diferença entre o valor da força de trabalho, que corresponde à manutenção do operário, e o valor que este operário produz. Essa diferença é exatamente a mais-valia, que o capitalista toma para si.
No capitalismo, as relações de produção estabelecidas entre o capital e o trabalho tornaram-se possíveis pelo desenvolvimento das forças produtivas, que asseguraram a exploração em larga escala do trabalho assalariado. A separação entre os meios de produção e o trabalhador permitem o contínuo desenvolvimento das forças produtivas, como testemunha a historia do próprio capitalismo. Mas, do mesmo modo como o capitalismo emergiu destruindo as relações feudais de produção, que já não comportavam o desenvolvimento das forças produtivas, as próprias relações capitalistas de produção também se tornam obstáculos para as forças produtivas que elas mesmas liberaram. No capitalismo, quanto mais se produz riqueza, apropriada privativamente, mais se agrava a miséria dos trabalhadores, que não têm como usufruir das mercadorias por eles produzidas. A expressão dessa contradição entre as relações de produção e as forças produtivas é a luta de classes.
A existência de classes é que leva à existência de conflitos. Se inexistissem classes na sociedade, não haveria mais necessidade de um governo das pessoas, mas apenas da administração das coisas. Os seres humanos estariam livres para se realizar sem a coação do governo ou de forças históricas.
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