A criação de um novo método para análise da sociedade em seus diversos períodos históricos é a maior contribuição de Marx e Engels, no qual a humanidade progride através dos modos de produção, impulsionada pela constante dinâmica de contradições, onde até aquele momento houve sempre opressores e oprimidos. O socialismo é, portanto, ciência, passível de situar-se na realidade, porém fruto não somente da vontade dos homens, mas do momento histórico.
Partindo dessa perspectiva é nítida a conclusão de que aquele que se opõe ao capitalismo não pode dizer-se socialista marxista, pois, para Engels e Marx, o socialismo apenas seria possível em uma sociedade na qual o capitalismo estivesse plenamente desenvolvido, pois este proporciona tecnologia, ciência, máquinas, que no futuro não serviriam mais a exploração, mas a libertação do homem das suas condições essenciais de existência e estariam a serviço de todos. Sem capitalismo não há burguesia ou proletários, estes os responsáveis pela Revolução que distribuiria a riqueza uniformemente.
Ignora o método marxista o que, em nossos dias, proclama discursos contra a burguesia... Que burguesia? Quem são os burgueses, ou proletários? Onde se encaixam os pequenos proprietários?... Ser materialista dialético é ser capaz de enxergar as contradições de nossa época, a destreza com que o capitalismo se adaptou as crises, “suavizou” a exploração, seduziu a classe operária... Habilidades que Marx e Engels não vislumbravam em sua época e não puderem antever.
Se examinarmos nossa realidade sob a ótica marxista a primeira questão apontada é que temos camadas médias em nossa sociedade, com objetivos plurais, carente de uma ideologia, de um discurso que interesse a todos, prosseguir com a máxima: “proletários de todos os países, uni-vos” é contraproducente e contrário ao materialismo histórico, sem identificação social.
Portanto, admitir-se SOCIALISTA aos moldes de Marx e Engels não impõe a proibição de se usufruir do sistema capitalista (privar-se de roupas de marca, produtos importados...) na medida que para lutar em favor de condições necessárias ao estabelecimento do socialismo faz-se necessário hoje, integrar-se a ele. (e além do mais como já dissera Lênin: “vamos destruir a burguesia, mas preservar o seu bom gosto”).
Vestir-se da maneira mais simples, adquirir hábitos contrários a sociedade, discursar contra os burgueses, proclamar a revolução... são formas, mais do que ineficazes, mas ingênuas, antimarxistas, de luta por ideais de igualdade. O marxista de nossos dias, o autêntico, deve conquistar voz, poder para combater, acima de tudo, as desigualdades sociais, e tem como arma fundamental o Direito. É por meio da lei que os direitos são elevados a toda a sociedade, que as minorias passam a reivindicar sua condição de cidadão, debilitando preconceitos, intolerância... logo, ser socialista, na efetividade, é empenhar-se por um sociedade mais justa.
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