Engels, em todo seu texto, explana sobre a história das relações econômicas entre os indivíduos dentro da sociedade. Sua dissertação considera desde a idade medieval até sua contemporaneidade, e, justamente por essa razão, pode-se afirmar que seu texto e as ideias nele presentes são plausíveis e têm, na medida em que às analisamos considerando o momento histórico, conteúdo digno de aplicação. Isso porque, sua teoria aponta para a chegada de um momento (chegada essa possível só através da revolução do proletariado) em que o homem seria livre e compreenderia com clareza a dinâmica social a qual anteriormente estava submisso e hoje, felizmente, não mais estaria.
É interessante notarmos que o autor preocupa-se em delimitar no que consiste e qual é o papel do socialismo científico. Segundo ele, trata-se de uma análise socioeconômica que considera o momento histórico da humanidade ao fazer suas considerações, "o socialismo moderno não é mais que o reflexo desse conflito material na consciência, sua projeção ideal nas cabeças, a começar pelas da classe que sofre diretamente suas consequências: a classe operária." Análise essa que tem como objeto a luta de classes (proletariado X burguesia) através dos anos.
A mais-valia é exposta nesse ensaio como o meio do qual o capitalismo (sistema claramente favorecedor das classes dominantes economicamente) se utilizava para extrair grande parte de seus ganhos. Essa prática é exposta como algo absurdamente injusto, à medida que não se paga à força produtora tudo aquilo de lucro que ela realmente produziu.
Ainda em critica ao capitalismo e seus meios injustos e pífios de produção e distribuição das riquezas geradas, Engels aborda o aspecto referente à capitalização de todos os aspectos da produção em detrimento de sua consideração como produto social e as crises paulatinas a que o sistema econômico da burguesia está sujeito. É a chamada crise da “superabundância”. Seus argumentos nos mostram que o sistema não é autossustentável e só se mantém com a exploração do trabalhador e consequente aumento dos antagonismos sociais.
Como forma de solução e combate a essa situação exploratória da maioria da população, Engels considera tornar públicos os meios de produção. Ou seja, para o autor um caminho que pode solucionar os problemas do capitalismo em relação ao trabalhador é “a propriedade do Estado sobre as forças produtivas”, o que não é “solução do conflito, mas abriga já em seu seio o meio formal, o instrumento para chegar à solução.” Segundo ele, para, de fato, alcançar a solução é necessário que “a sociedade, abertamente e sem rodeios, tome posse dessas forças produtivas, que já não admitem outra direção a não ser a sua”. Fica claro que através da apropriação por parte do Estado das forças produtivas os antagonismos, gradativamente, seriam extintos.
Após essas observações a cerca desse ensaio de Friedrich Engels fica evidente que o que era defendido pelo autor visava, de modo muito incisivo, a eliminação dos antagonismos sociais, a busca da equidade e, claro, o fim da exploração do trabalhador. Se tais objetivos fossem atingidos, com certeza nos encontraríamos em uma sociedade mais equilibrada e saudável. A aquisição de consciência, por parte da sociedade, do seu desenvolvimento se acentuaria e conseguiríamos agir, como sociedade, alcançado quase sempre as metas almejadas. Conseguiríamos, enfim, realizar a transição do reino da necessidade para o chamado reino da liberdade, como diz o próprio autor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário