Na obra “Do socialismo utópico ao socialismo científico”, Frederich Engels aponta o iluminismo de maneira positiva para romper com o modelo absolutista do Antigo Regime. A burguesia, porém, após consolidar a revolução, se converteu de maneira totalmente racional e construiu seus próprios privilégios, negligenciando a vontade da maioria pela qual esta própria classe lutava anteriormente. Essa conversão de ideais se mostra angustiante pra Engels, já que a liberdade sonhada por ele se tornou em simplesmente liberdade de mercado.
A crítica se baseia na negação da burguesia em abrir mão do poder, abstraindo-se, logo, de uma solidariedade natural que todo o ser humano já deveria ter. O utópico, portanto, estava na esperança dessa burguesia em abdicar do individualismo em prol de uma maioria menos favorecida. A análise, portanto, não partia de uma realidade efetiva da sociedade atual.
Para Engels, a análise deve partir de uma base material, não da imaginação, e a partir de então transformar o socialismo utópico em científico.
No auge do capitalismo, enquanto todos acreditavam que este modelo, por gerar tantas riquezas (apesar de não distribuí-las), iria se prolongar infinitamente, Engels mantia a idéia de que logo esse modelo iria se extinguir, baseado no fato de que muitas classes eram desfavorecidas e que logo uma luta de classe iria explodir com o advento de uma pressão provinda de uma grande camada descontente com a situação. Engels não contava, porém, com a adaptação do capitalismo aos avanços do mercado, que se moldou às mudanças e que perdura até a contemporaneidade.
Através do modelo tecnológico, a exploração do trabalho se tornou mais sutil, menos violenta. A pressão capitalista tomou como base o mercado consumidor consumista, em que o carro que uma pessoa acabou de comprar não valerá o mesmo tanto dois meses após a compra, pois outros carros surgirão e as pessoas sentirão a necessidade de obter a novidade só para se manterem nos padrões sociais impostos pelo mercado consumidor.
Engels critica a exploração homem, que por ter apenas a força de trabalho a oferecer ao mercado, se vê explorado pelos burgueses e forças intelectuais. Engels mostra como principal mecanismo de exploração do mercado a mais valia, em que o trabalhador trabalha poucas horas como forma de obter o próprio sustento, e o restante e maior parte da jornada, é para garantir o sustento dos seus patrões.
Engels acretitava que poderia ocorrer a revolução do modelo, em que o proletariado se impusesse contra a exploração e o modelo socialista seria produto dessa revolução. O proletariado firmaria uma ditadura no estado para poder estabelecer assimilações aos seus valores de estado, seu modo de produzir e agir.
Atualmente, é fácil olhar a nossa condição histórica e apontar como errado estava Engels em relação à duração do modelo capitalista. É, porém, anacronismo julgar de tal forma, pois a época em que ele vivia era forte, ainda, os ideais revolucionários de uma população mais ativa politicamente. Atualmente, porém, esses ideais de revolução são mais contidos, restritos a alguns grupos em algumas universidades e organizações pelo país; e ainda sim, com restrita força de expressão.
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