Para Comte, as análises sociais feitas até aquele momento histórico (1830) eram análises metafísicas, ou seja, baseadas em sistemas abstratos. Sua intenção foi superar esses conceitos, recriando-os com bases concretas e práticas.
O capitalismo, que implantou o domínio do mercado em todo o mundo, fez com que o homem perdesse o controle sobre o próprio tempo, sendo este substituído pelo tempo da produção. Esse fato desencadeou inúmeras insatisfações e acentuou outras tantas.
Para vencer a turbulência e o efervilhamento social, a religião já não era suficiente, assim como a metafísica. Por isso, é dito que a filosofia positiva, ou seja, o abandono das análises teológicas e metafísicas marca o amadurecimento do espírito humano.
Comte utiliza-se como guia para as ciências modernas o Paradigma Newtoniano, que propõe a idéia de cadeias de leis que se harmonizam, proporcionando a sincronia universal perfeita. Outra idéia proposta é a de que, assim como no corpo cada célula e cada órgão possuem sua função fisiológica, na sociedade cada individuo possui sua função social. Dessa maneira, cada falha deve ser diagnosticada para se evitar uma patologia. O positivista não quer transformar, mas sim curar para manter perfeito o funcionamento do corpo social (sociedade).
Dentro da Filosofia Positiva, a ORDEM é a expressão de um sistema sincrônico em perfeito funcionamento. Os desvios da ordem são patológicos. Isso não quer dizer que existe um conservadorismo implícito, pelo contrário, a ordem é prevista apenas no âmbito social e deve-se evitar o estancamento cientifico.
A ORDEM (lei estática) deve ser mantida para que exista o PROGRESSO (lei
dinâmica) histórico. As leis da ordem e progresso são as essências do positivismo. Por esse motivo, Comte era contrário ao liberalismo por este estimular a concorrência e, consequentemente, a desordem e a desestabilidade. Novamente, essa idéia não implica no comodismo, mas sim a solidariedade social (influencia de Durkheim) pelo progresso.
A influência da filosofia positivista na política brasileira surgiu com Benjamin Constant, um dos preceptores da Republica no Brasil. O Positivismo também influiu no Movimento Tenentista e nas ditaduras brasileiras. Neste contexto, destacam-se os “sambas de malandragem” de Ataulfo Alves e Chico Buarque, entre outros, que contestavam o papel do individuo dentro do corpo social. O malandro era visto como o “câncer” da sociedade. Além disso, as frases que marcaram o período ditatorial http://www.blogger.com/img/blank.gifemanavam idéias positivistas sobre o progresso: “Pra frente, Brasil!”; “(...) 600 milhões em ação (...)” etc.
(Homenagem ao malandro, de Chico Buarque: http://www.youtube.com/watch?v=veeisMvPJm8&feature=related)
Como prova incontestável dessa influência, a frase que estampa a bandeira brasileira nada mais é do que a máxima da filosofia positivista: Ordem e Progresso.
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Atualmente, a política brasileira segue ainda os ideais positivistas em alguns casos. Por exemplo, para a manutenção da Ordem social as famílias pobres são acalentadas com uma renda mensal extra dada pelo governo federal. É o Bolsa Família, vista por muitos como apenas uma forma de amenizar as tensões sociais e desviar a atenção dos indivíduos que integram essas famílias da verdadeira raiz da miséria em que vivem: a concentração da renda nas mãos da minoria rica.
O positivismo também é base para políticas em outros lugares do mundo, como nos Estados Unidos. Por exemplo, modelo de produção fordista e a Lei Seca, que visam a boa condição dos trabalhadores, para ser mantida a ordem e atingir-se o progresso.
Enfim, a filosofia positivista é muito presente atualmente e seus ideais podem ser vistos incrustados dentro de manobras políticas por todo o mundo. Por isso, é bem verdade dizer que o positivismo é atemporal, ou seja, transita no tempo sem necessariamente pertencer ao passado, futuro ou presente.
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