Desde Bacon e Descartes, passando por Comte, a filisofia positivista afirmou-se como uma ciência da sociedade, sendo a filosofia do real, do útil e do certo. Segundo Comte, o positivismo seria o último estágio da construção do conhecimento, que passava, primeiramente, pela Teologia, em seguida pela Metafisica para depois evoluir para o Positivismo. Tais estágios seriam necessários para o amadurecimento na forma de assimilar o mundo ao nosso redor.
Comte promove uma ruptura com a religiosidade, com os valores cristãos, por estes serem embasados em conceitos teológicos. O catolicismo foi importante para universalizar a moral e substituir o politeísmo pelo monoteísmo, todavia, a moralreligiosa tornou-se contrária à essência da vida segundo princípios positivistas por pregar uma salvação pessoal. Assim Comte também critíca a Metafísica e a Psicologia, afirmando que tais métodos da análise não serviam mais para a sociedade moderna e propondo uma análise, segundo ele, real.
Comte fala sobre a necessidade de distinção entre ciência ( reflexão) e têcnica ( ação). Segundo o filósofo, não há como obter-se o progresso da sociedade como um todo se não houver a valorização e distinção entre esses dois pilares. De acordo com ele, a sociedade prende-se muito a conceitos teóricos, que deveriam ser substituídos por "generalidades ciêntificas". Comte fala sobre uma formação mais profunda nas ciências para que os que configuram a "reflexão".
Tal visão de uma divisão de funções na sociedade objetiva um progresso e desenvolvimento geral, ou seja, para a sociedade como um todo. Para o filosofo o desenvolvimento individual não é progresso. Para isso, o individuo deveria estar apto a manter-se em sua função, trabalho. A sociedade deveria ser como o corpo humano, no qual cada orgão representaria um induvíduo. Todos deveriam trabalhar em sua respectiva função e executa-la com excelência para que o corpo não padecer.
Nessa analogia uma revolução social seria como um câncer, ou seja, maléfica para a sociedade uma vez que não visaria o progresso desta em geral, mas promoveria a ruptura da ordem por motivações de progresso individual (ou de apenas uma classe social). A ruptura da ordem é algo a ser evitado, na concepção positivista sendo o Direito grande ferramenta para tal fim. Ao regrar a sociedade resolver conflitos sociais, o Direito promove a ordem, essêncial ao progresso.
Para a implantação se uma filosofia positivista seria necessário algumas modificações na estrutura social começando por uma reforma educacional e uma reforma das mentalidades. A primeira seria a implantação de uma reforma na educação para que fosse abolida o isolamentoentre as ciências. Segundo Comte "a intensa especialização da ciência impede a emergência de uma visão privilegiada a todos". A segunda consiste na substituição das agitações políticas, extremamente prejudiciais ao progresso, por um movimento mental: a substituição da especialização científica, cega e dispersiva, já seria suficiênte para possibilitar uma sociedade hamoniosa.
Diferente do saber metafísico, o saber positivista afasta os trabalhadores da anarquia e das ambições naturais. O saber metafísicio leva à ambições exorbitantes, ou seja, à vontade de desordem social com base em revoluções sociais, correntes liberais e socialistas. Já o Positivismo traria uma política popular adequada reforçando o gosto pelo trabalho prático, aceitação dos lugares sociais e concentrando-se na solução real dos problemas sociais sem iludir a massa com discursos metafísicos.
Mesmo a teoria positivista de Comte sendo criticada por mostrar-se muito pressa ao real, sua visão de solidariedade e felicidade, associada ao bem público, trazem uma visão esperançosa porém crítica quanto ao nosso meio de vida atual. O individualismo em que vivemos contemporaneamente, trouxe-nos grandes impasse como a pobreza extremada e a violência exacerbada (dois problemas interligados), os quais na teoria positivista seria evitados apenas com uma mudança de postura perante o conceito da palavra progresso.
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